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Vol. 97. Núm. 1.
Páginas 125-127 (1 janeiro 2021)
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Carta ‐ Caso clínico
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Tratamento da alopecia areata com difenilciclopropenona: metodologia baseada nos preceitos da dermatite alérgica de contato
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Andressa Sato de Aquino Lopes
Autor para correspondência
dressa_sato@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Rosana Lazzarini
Departamento de Medicina da Clínica de Dermatologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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Prezado Editor,

A difenilciclopropenona (DPCP) é substância química que induz resposta imune celular e, portanto, dermatite alérgica de contato (DAC). Sua ação baseia‐se no conceito de competição antigênica, induzindo a formação de linfócitos TCD8, o que inibe a resposta imune ativa perifolicular e possibilita o crescimento do fio.1

A DPCP é opção terapêutica para alopecia areata (AA), principalmente em casos extensos, com resposta variável, mas taxas de repilação em mais de 50% dos casos.1 Os efeitos colaterais são comuns, por vezes graves, como as reações eczematosas agudas, além de linfadenopatia, prurido, hiperpigmentação e sintomas flu‐like, entre outros.2

Sua forma de utilização é variável, carecendo de padronização metodológica.2–4 Nosso serviço utiliza uma metodologia baseada nos preceitos da DAC. Temos como objetivo demonstrar as etapas da utilização do DPCP na AA. Essa padronização nos possibilita comparar os dados e diminuir os efeitos colaterais por uso inadequado.

O produto é adquirido a 2% em acetona e armazenado na geladeira em frasco escuro. As diluições são preparadas durante os atendimentos e aplicadas semanalmente com haste flexível umedecida.

Homem, 44 anos, com AA universal, foi sensibilizado com DPCP a 2% no papel filtro 2×2cm, no dorso por 48 horas, induzindo a fase de indução da DAC. Após duas semanas, foi submetido a teste epicutâneo com DPCP, nas concentrações 0,1%; 0,05% e 0,02%; com leituras em 48 e 96 horas, e respostas 3+, 2+e 2+(fig. 1) respectivamente, conforme padronização já estabelecida. Foi utilizada a concentração de 0,02% no couro cabeludo, que permaneceu coberto e sem lavagem por 48 horas. A concentração foi aumentada semanalmente até 0,1%, quando se obteve prurido e eritema moderados. A repilação mostrou‐se aceitável após 24 semanas, sem reações intensas (fig. 2).

Figura 1.

Leitura do teste de contato após 72 horas.

(0.11MB).
Figura 2.

(A), Início do tratamento. (B), 24 semanas de tratamento com DPCP.

(0.14MB).

O teste epicutâneo avalia se houve sensibilização ao produto e prediz a melhor concentração para o início do tratamento. Escolhe‐se aquela com menor positividade, minimizando os efeitos adversos. Caso as respostas sejam intensas, as concentrações são diminuídas e por vezes as aplicações são espaçadas para intervalos de duas a quatro semanas. As concentrações utilizadas são balizadas pela resposta de cada indivíduo.

Consideramos falha terapêutica, isto é, ausência de repilação, após 180 dias de aplicação regular. Caso haja resposta, as aplicações serão mantidas até atingir‐se o maior efeito possível (até um ano).

A DPCP é uma medicação que confere bons índices de resposta nos casos graves; entretanto, os protocolos não são padronizados. Em razão dos efeitos colaterais comuns e algumas vezes graves, é necessário um rigoroso acompanhamento da sensibilização e controle de concentração durante todo o tratamento. Além disso, nenhuma indústria produz DPCP de acordo com os padrões regulatórios para o desenvolvimento de medicamentos.5 Em nosso meio, não há regulamentação para seu uso, embora faça parte do arsenal terapêutico da AA há muitos anos.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Andressa Sato de Aquino Lopes: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Rosana Lazzarini: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de caso estudado; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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C.K. Rokhsar, J.L. Shupack, J.J. Vafai, K. Washenik.
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J Am Acad Dermatol., 78 (2018), pp. 515-521
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L.C. Strazzulla, E.H.C. Wang, L. Avila, K.L. Sicco, N. Brinster, A.M. Christiano, et al.
Alopecia areata: An appraisal of new treatment approaches and overview of current therapies.
J Am Acad Dermatol., 78 (2018), pp. 15-24
[5]
K.G. Bulock, J.P. Cardia, P.A. Pavco, W.R. Levis.
Diphencyprone Treatment of Alopecia Areata: Postulated Mechanism of Action and Prospects for Therapeutic Synergy with RNA Interference.
J Investig Dermatol Symp Proc., 17 (2015), pp. 16-18

Como citar este artigo: Lopes ASA, Lazzarini R. Treatment of alopecia areata with Diphenylcyclopropenone: methodology based on the principles of allergic contact dermatitis. An Bras Dermatol. 2022;97:125–7.

Trabalho realizado na Clínica de Dermatologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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