A onicomadese secundária à síndrome mão‐pé‐boca é manifestação relativamente incomum, porém assustadora para os pais e cuidadores das crianças acometidas. Em relato de série de 145 casos da Tailândia, a onicomadese ocorreu em 5% a 37% dos casos, dependeu do vírus causador.1 A síndrome mão‐pé‐boca é causada por vírus Coxsackie, o subtipo A6 é o mais comum, alguns por Enterovirus e Echovírus. É mais comum em crianças abaixo dos 10 anos,2 com sintomas semelhantes a processo gripal (febre, linfonodomegalia, náuseas e vômitos, mal‐estar) associados a ulcerações tipo aftas na mucosa oral e vesículas nas mãos e pés. Entretanto, pode ocorrer transmissão oral‐fecal por até 30 dias, mesmo com o cessar dos sintomas em 7 a 10 dias. As alterações ungueais mais comuns da síndrome mão‐pé‐boca são: linhas de Beau, leuconiquia e a onicomadese.3 As linhas de Beau são sulcos transversos esbranquiçados resultantes da parada temporária de formação da placa ungueal.3 A onicomadese seria forma mais grave desse acometimento. Quando ocorre parada do crescimento ungueal por uma a duas semanas resulta no descolamento da placa em relação ao leito ungueal. A nova unha cresce sem conexão com a unha anterior, ocorre separação e descolamento da unha antiga. Foi proposto que essa alteração seja por ação tóxica direta do vírus na matriz ou pela inflamação secundaria à maceração das bolhas digitais.4 De acordo com série de casos,1 a onicomadese é mais comum na síndrome mão‐pé‐boca causada por vírus Coksackie A6 do que por outros vírus. Outro estudo espanhol,5 que investigou um surto de onicomadese (311 casos) demonstrou alta frequência de síndrome mão‐pé‐boca como possível causa (60%), identificou tanto vírus Coksackie quanto da família Enterovírus em amostras fecais. O tratamento para a síndrome é sintomático, já que se trata de doença autolimitada com raras sequelas. Apresentamos dois casos de pacientes com onicomadese secundária à síndrome mão‐pé‐boca, um em paciente de 3 anos do sexo masculino (fig. 1) e outra em paciente de 7 anos do sexo feminino (figs. 2 e 3). O diagnóstico para a síndrome mão‐pé‐boca para ambos os casos foi clínico, com história de sintomas gripais que evoluíram com lesões orais e acrais. As alterações ungueais ocorreram por volta de 14 dias após o início dos sintomas no primeiro caso e 10 dias no segundo. Ambos evoluíram com melhoria completa das alterações ungueais, sem tratamento específico e sem sequelas. A orientação adequada dos pais sobre essa manifestação se faz necessária para evitar condutas intempestivas e consultas emergenciais desnecessárias.
Nenhum.
Contribuição dos autoresJuliana Polizel Ocanha Xavier: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
José Cândido Caldeira Xavier Junior: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesseNenhum.