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Vol. 98. Núm. 3.
Páginas 390-391 (1 maio 2023)
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Vol. 98. Núm. 3.
Páginas 390-391 (1 maio 2023)
Cartas ‐ Caso clínico
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Elevação de transaminases após sessão de MMP® com metotrexato para tratamento de alopecia areata – quanto sabemos dos riscos de absorção sistêmica da técnica?
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Bianca Lopes Nogueiraa,
Autor para correspondência
biancanogueira.dermato@gmail.com

Autor para correspondência.
, Renan Rangel Bonamigoa,b,c, Renata Heckb
a Serviço de Dermatologia, Ambulatório de Dermatologia Sanitária, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
b Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
c Serviço de Dermatologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
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Prezado Editor,

Há maior incidência de alopecia areata (AA) em pacientes com lúpus eritematoso.1 Alguns casos de AA apresentam‐se refratários aos tratamentos já estabelecidos. Técnicas de indução percutânea de medicamentos têm mostrado resultados promissores,2 entre as quais a microinfusão de medicamentos na pele (MMP®).3 Frente sua utilização recente, pouco ainda foi descrito sobre sua segurança. Relatamos caso de elevação de transaminases após sessão de MMP® com metotrexato (MTX) em paciente com AA associada a lúpus eritematoso sistêmico (LES).

Paciente do sexo feminino, 37 anos, branca, com diagnóstico de LES havia 13 anos, bom controle clínico e laboratorial, em uso de hidroxicloroquina e dapsona. Apresentava AA padrão ofiásico, com pontos amarelos, pretos e de exclamação à dermatoscopia. Exame histopatológico com infiltrado linfocítico peribulbar e folículos miniaturizados, excluindo componente lúpico associado. Realizou tratamentos tópicos sem resposta. Apresentou melhora temporária da alopecia durante uso de MTX 15 mg/semana para tratamento do LES, suspenso após nove meses por hepatotoxicidade. Após dois anos, optou‐se por utilizar tal medicação de maneira transepidérmica, por meio da técnica de MMP®.

Exames prévios ao procedimento demonstravam hemograma sem alterações, TGO 26 U/L, TGP 20 U/L, Gama‐GT 14 U/L, fosfatase alcalina 57 U/L, bilirrubina total 0,45 mg/dL (direta 0,18 mg/dL; indireta 0,27 mg/dL). Foi submetida a sessão de MMP® com microinfusão de 20mg de MTX nas placas de alopecia. Exames de controle após uma semana demonstraram TGO 37 U/L e TGP 48 U/L. Paciente assintomática, sem uso de outras medicações, álcool ou possíveis fatores confundidores. Realizado novo controle após duas semanas, com retorno das transaminases aos parâmetros basais. O tratamento foi suspenso.

A técnica de MMP® consiste na administração percutânea de medicamentos por meio de dispositivo de tatuagem. Suas agulhas tornam possível a infusão de medicamentos independentemente do peso molecular, da natureza química do meio (lipofílico ou hidrofílico), de sangramento ou exsudação.3 Foi descrito uso no tratamento de hipomelanose gutata idiopática, alopecia androgenética e psoríase.3

Outras técnicas de permeação transcutânea, como laser fracionado, microagulhamento, radiofrequência, sonoforese e iontoforese, têm sido discutidas, com resultados promissores.2

O uso de MTX sistêmico para casos de AA refratários tem resultados satisfatórios.4 Porém, apresenta risco de mielossupressão e hepatotoxicidade.4,5 A primeira descrição do uso com técnica de MMP® foi em pacientes com psoríase intolerantes à terapia sistêmica, com boa resposta e tolerabilidade.5 As vantagens desse método incluem toxicidade reduzida, ao evitar o metabolismo de primeira passagem hepática, e uso de menores doses de medicação em decorrência da melhor permeação na derme.5

Optamos pela técnica, pela menor absorção sistêmica, visando evitar os efeitos adversos hepáticos anteriores. Porém, com apenas uma sessão de MMP® no couro cabeludo, região muito vascularizada, já identificamos elevação das transaminases, a qual revelou‐se transitória. É importante destacar que se o tratamento fosse continuado, provável agravamento das transaminases teria sido observado.

Ressaltamos a importância do uso racional de técnicas que envolvam a permeação de medicações através da pele, sem menosprezar a possiblidade de absorção e efeitos adversos sistêmicos. Por tratar‐se de medicação de uso off label para AA, agravado pela via transdérmica, não descrita em bula, sugerimos uso cauteloso, com monitorização laboratorial e avaliação clínica periódica.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Bianca Lopes Nogueira: Concepção e desenho do estudo; levantamento dos dados, análise e interpretação dos dados; redação do artigo e revisão crítica do conteúdo intelectual importante; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Renan Rangel Bonamigo: Redação do artigo e revisão crítica do conteúdo intelectual importante; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Renata Heck: Concepção e desenho do estudo; redação do artigo e revisão crítica do conteúdo intelectual importante; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
J.S.S. Concha, V.P. Werth.
Alopecias in lupus erythematosus.
Lupus Sci Med., 5 (2018), pp. e000291
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W. Alsalhi, A. Alalola, M. Randolph, E. Gwillim, A. Tosti.
Novel drug delivery approaches for the management of hair loss.
Expert Opin Drug Deliv., 17 (2020), pp. 287-295
[3]
S. Arbache, E.C. Mattos, M.F. Diniz, P.Y.A. Paiva, D. Roth, S.T. Arbache, et al.
How much medication is delivered in a novel drug delivery technique that uses a tattoo machine?.
Int J Dermatol., 58 (2019), pp. 750-755
[4]
K. Phan, V. Ramachandran, D.F. Sebaratnam.
Methotrexate for alopecia areata: A systematic review and meta‐analysis.
J Am Acad Dermatol., 80 (2019), pp. 120-127
[5]
A.L. Okita, S. Arbache, D.M.P. Roth, L.G. Souza, M.M.T. Colferai, D. Steiner.
Tratamento de psoríase vulgar pela microinfusão de medicamentos na pele (MMP®) usando ciclosporina e metotrexato.
Surg Cosmet Dermatology., 10 (2018), pp. 80-84

Como citar este artigo: Nogueira BL, Bonamigo RR, Heck R. Elevation of transaminases after MMP® session with methotrexate for alopecia areata treatment – how much do we know about the risks of systemic absorption of the technique? An Bras Dermatol. 2023;98:393–4.

Trabalho realizado no Ambulatório de Dermatologia Sanitária, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES/RS), Porto Alegre, RS, Brasil.

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