O siringocistoadenoma papilífero (SCAP) é rara neoplasia de glândulas sudoríparas presente ao nascimento em 50% dos casos.1 Tem diferenciação predominantemente apócrina, ainda que a origem écrina tenha sido descrita em alguns relatos.2,3
Costuma apresentar‐se como pápula ou placa com superfície crostosa que ocorre quase que exclusivamente na cabeça e região cervical.4
Relatamos a clínica, assim como os achados dermatoscópicos e histopatológicos, de um caso em localização incomum.
Paciente de 6 anos, sexo masculino, apresentava lesão de crescimento progressivo havia cinco anos no flanco esquerdo. Ao exame dermatológico, observava‐se pápula de coloração róseo‐eritematosa, superfície lisa e consistência fibroelástica de 5×3mm (fig. 1). O exame dermatoscópico demonstrou estruturas arredondadas de coloração amarelo‐esbranquiçada separadas por estruturas lineares esbranquiçadas em um fundo eritematoso (fig. 2). O paciente foi encaminhado para a exérese de lesão. Ao exame histopatológico, observaram‐se: invaginações císticas revestidas por células ora escamosas, ora colunares, com projeções papilíferas para a luz; glândulas tubulares com grandes luzes revestidas por células apócrinas (fig. 3).
O SCAP é raro tumor de anexo derivado mais frequentemente de células apócrinas3,4. Predomina em crianças e adolescentes e é observado ao nascimento em 50% dos casos,1 o que difere do caso relatado.
Em 75% dos casos, localiza‐se na cabeça ou região cervical. Alguns casos já descreveram em outras topografias (região escrotal, vulva, dorso, abdome e axila). Essas localizações, assim como a do caso descrito, são ainda mais raras. Quando localizado em couro cabeludo, pode estar associado ao nevo sebáceo de Jadassohn.4
Apesar de apresentação clínica variável, placa papulosa é a lesão elementar mais encontrada. Em sua maioria, é assintomática, porém pode apresentar prurido, dor e/ou sangramento; geralmente apresenta crescimento progressivo, assim como no caso descrito.1,4
Até o momento, artigos sobre os achados dermatoscópicos do SCAP são escassos. Há a descrição de um padrão vascular em ferradura, que não foi visualizado em nosso caso.3,5
O SCAP pode infectar, sangrar, ulcerar e, em raros casos, evoluir para carcinoma basocelular (9%) ou até siringocistoadenocarcinoma papilífero. Por essas razões, optamos por fazer a exérese da lesão.5
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresGiovanna de Araujo Horcel: Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito.
Juliana Milhomem: Concepção e planejamento do estudo.
Samuel Henrique Mandelbaum: Revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Rodrigo Ieiri: Participação efetiva na orientação da pesquisa.
Conflitos de interesseNenhum.