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Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 397-398 (1 maio 2022)
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Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Pustulose exantemática localizada aguda induzida por paclitaxel
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Ana Carolina Tardin Rodrigues de Medeiros
Autor para correspondência
anacarolinatardin@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Juliana Lopes Corrêa, Ademar Schultz Junior, Karina Demoner de Abreu Sarmenghi
Ambulatório de Dermatologia, Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Vitória, ES, Brasil
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Prezado Editor,

A pustulose exantemática localizada aguda (PELA) é uma variante atípica da pustulose exantemática generalizada aguda (PEGA), uma rara farmacodermia.1 Trata‐se de uma erupção pustular asséptica subcórnea aguda e localizada, geralmente na face, no pescoço ou no tórax.2,3 Os mecanismos fisiopatológicos permanecem incertos, embora 90% dos casos de PELA sejam induzidos por medicamentos.1 Relata‐se um caso de PELA induzida por paclitaxel em paciente em tratamento de câncer de mama.

Paciente do sexo feminino, 63 anos, queixou‐se do aparecimento de pústulas sobre base eritematosa, simetricamente distribuídas na face (fig. 1) uma semana após a infusão de paclitaxel para tratamento neoadjuvante de câncer de mama. A paciente relatou prurido e queimação local; negou febre. Nenhuma lesão da membrana mucosa foi observada. Os exames laboratoriais apresentaram normalidade nos valores dos leucócitos (8.500 mm3) e de proteína C‐reativa sérica. A cultura da secreção da pústula foi negativa. A biópsia de pele revelou pústulas subcórneas intraepidérmicas, com infiltrado linfocitário perivascular superficial (fig. 2). Com base na apresentação clínica e nos achados histopatológicos, foi feito o diagnóstico de PELA. A paciente foi tratada com 40 mg/dia de prednisona e suspensão do quimioterápico, com remissão completa das lesões após 14 dias (fig. 3). O acompanhamento se seguiu com diminuição lenta da dose da corticoterapia.

Figura 1.

Presença de pústulas sobre base eritematosa, simetricamente distribuídas na face.

(0.24MB).
Figura 2.

Exame histopatológico corado por Hematoxilina & eosina, com presença de pústula subcórnea intraepidérmica com infiltrado linfocitário perivascular superficial, (Hematoxilina & eosina, 10×).

(0.46MB).
Figura 3.

Hipercromia pós‐inflamatória sem presença de lesões pustulosas.

(0.27MB).

A PELA é uma forma particular de PEGA. Cerca de 25 relatos foram publicados na literatura, confirmando tratar‐se de uma farmacodermia rara.3 No início, o quadro apresenta pústulas estéreis localizadas na face, no pescoço ou no tórax após exposição ao medicamento, com remissão espontânea após interrupção do uso do agente causador.2,3 Febre e leucocitose podem estar presentes, acompanhadas de prurido ou sensação de queimação.3 Cerca de 90% dos casos são induzidos por medicamentos; os mais frquentes são os antibióticos, especialmente β‐lactâmicos e macrolídeos.1,3 Associações com docetaxel, um quimioterápico da classe dos taxanos, também foram relatadas em dois pacientes com câncer de mama.4,5

Como a PELA é uma doença autolimitada, a base do tratamento é a remoção do medicamento suspeito, o que promove a melhora dos sintomas em alguns dias. Terapia de suporte com corticosteroides tópicos ou orais pode ser apropriada para o tratamento de prurido e inflamação em casos prolongados.3

A PELA é uma reação medicamentosa cutânea incomum, e a maioria dos casos publicados foi secundária ao uso de antibióticos. Contudo, é importante ressaltar que quimioterápicos da classe dos taxanos também podem ser responsáveis por essa reação cutânea.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Ana Carolina Tardin Rodrigues de Medeiros: Análise estatística; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura.

Juliana Lopes Correa: Obtenção, análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Ademar Schultz Junior: Obtenção, análise e interpretação dos dados; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito.

Karina Demoner de Abreu Sarmenghi: Aprovação da versão final do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
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E.G. Torrijos, M.P.C. Calle, Y.M. Díaz, L.M. Lozano, A.M. Ortega, P.A.G. Bonilla, et al.
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Acute localized exanthematous pustulosis (ALEP).
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Acute Localized Exanthematous Pustulosis (ALEP): Review of Literature with Report of Case Caused by Amoxicillin‐Clavulanic Acid.
Dermatol Ther (Heidelb)., 7 (2017), pp. 563-570
[4]
S.W. Kim, U.H. Lee, S.J. Jang, H.S. Park, Y.S. Kang.
Acute localized exanthematous pustulosis induced by docetaxel.
J Am Acad Dermatol., 63 (2010), pp. e44-e46
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Y.Z. Ji, L. Geng, H.M. Qu, H.B. Zhou, T. Xiao, H.D. Chen, et al.
Acute generalized exanthematous pustulosis induced by docetaxel.
Int J Dermatol., 50 (2011), pp. 763-765

Como citar este artigo: Medeiros ACTR, Corrêa JL, Schultz Junior A, Sarmenghi KDA. Acute localized exanthematous pustulosis induced by Paclitaxel. An Bras Dermatol. 2022;97:397–8.

Trabalho realizado no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Vitória, ES, Brasil.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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