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Vol. 100. Núm. 4.
(1 julho 2025)
Cartas ‐ Caso clínico
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Dermatose terra firma‐forme exuberante em paciente idoso
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Marinna Sampaio Campos, Loanda Oliveira Fukuma, Juliana Carvalho Delgado, Paulo Ricardo Criado
, Karla Calaça Kabbach Prigenzi, Sandra Lopes Mattos e Dinato
Departamento de Dermatologia, Centro Universitário Lusíada, São Paulo, SP, Brasil
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Prezado Editor,

Dermatose terra firma‐forme (DTFF), também conhecida como dermatose suja de Duncan, é condição adquirida benigna caracterizada por pápulas e placas ceratóticas, às vezes com aparência verrucosa e variando em cor de cinza, marrom a preto, sem sintomas associados.1–4 As lesões geralmente formam padrão reticulado intercalado com áreas de pele normal, afetando mais comumente o pescoço, o tronco e os tornozelos. O termo “terra firma” e “forme” tem origem no latim, significando “terra seca”, descrevendo a semelhança das lesões com torrões de areia.5–8

A etiologia da DTFF permanece obscura, com hipótese de maturação incompleta dos queratinócitos em associação com melanina e sebo na epiderme.1,3,7 A DTFF afeta predominantemente crianças e adultos jovens, e o diagnóstico é tipicamente clínico.2,3,8 A dermatoscopia pode auxiliar no diagnóstico, ao revelar escamas poligonais marrons dispostas em padrão de mosaico.6,8 Um teste de fricção diagnóstico e terapêutico utilizando gaze embebida em álcool isopropílico a 70% é eficaz, enquanto banhos diários com sabão e esfoliação da pele são ineficazes.2,4,7,8 Embora não seja obrigatório, o exame histopatológico pode mostrar hiperceratose lamelar com áreas focais de ortoceratose espiral e compacta, juntamente com acantose e papilomatose.1,5,6

A semelhança clínica com sujeira faz da dermatose neglecta um diagnóstico diferencial primário. Outros diagnósticos diferenciais incluem acantose nigricans, papilomatose de Gougerot‐Carteaud reticulada e confluente, nevo epidérmico e ceratose seborreica.1,3

Paciente do sexo feminino, de 68 anos, parda, hipertensa e diabética, procurou atendimento dermatológico em virtude de lesões hipercrômicas cobrindo a maior parte da pele, acompanhadas de prurido leve que pioraram progressivamente ao longo de quatro anos, causando desconforto estético. A paciente relatou banhos diários e uso esporádico de esponjas. Ao exame dermatológico, apresentava múltiplas pápulas planas com escamas aderentes medindo 1 a 4mm de diâmetro e placas marrom‐escuras agrupadas difusamente no tronco, região flexora dos braços, parte interna das coxas e fossa poplítea (fig. 1). O exame dermatoscópico revelou escamas poligonais agrupadas (fig. 2). Um teste de fricção utilizando gaze embebida em álcool isopropílico a 70% resultou no descolamento de escamas e clareamento da lesão (material suplementar – vídeo; fig. 2). A histopatologia mostrou áreas de hiperceratose ortoceratótica com formações espirais intracorneanas, hipogranulose, acantose leve e papilomatose leve focal; foi encontrado infiltrado linfo‐histiocítico discreto ao redor dos capilares superficiais na derme (fig. 3).

Figura 1.

Apresentação clínica da dermatose terra firma‐forme.

Figura 2.

Dermatose terra firma‐forme ‐ A) exame dermatoscópico e B) teste de fricção utilizando álcool isopropílico 70%.

Figura 3.

Áreas de hiperceratose ortoceratótica com formações espirais intracorneanas, hipogranulose, acantose leve e papilomatose focal leve (Hematoxilina & eosina, 40×).

Apesar de a DTFF afetar predominantemente crianças e adultos jovens, sua consideração em pacientes idosos é crucial.2,3,7,8 Pacientes com lesões extensas devem ser alertados sobre o risco de intoxicação alcoólica pela aplicação de álcool isopropílico a 70% na pele, o que pode levar a sintomas que variam de sonolência e letargia a irritação da membrana mucosa e depressão respiratória.6 O uso de hidratante é recomendado para prevenir a xerose cutânea.1,3,6 Ácido salicílico e outros ceratolíticos podem auxiliar na remoção das escamas, enquanto corticosteroides tópicos geralmente são ineficazes.2,6,8 O reconhecimento clínico da DTFF pode evitar custos desnecessários de testes adicionais e tentativas malsucedidas de limpeza da pele.3,6,7

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Marinna Sampaio Campos: Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito e revisão crítica de conteúdo intelectual importante; revisão crítica da literatura.

Loanda Oliveira Fukuma: Elaboração e redação do manuscrito; análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura.

Juliana Carvalho Delgado: Análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura.

Paulo Ricardo Criado: Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação da versão final do manuscrito.

Karla Calaça Kabbach Prigenzi: Participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; aprovação da versão final do manuscrito.

Sandra Lopes Mattos Dinato: Revisão crítica da literatura; aprovação da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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Como citar este artigo: Campos MS, Fukuma LO, Delgado JC, Criado PR, Prigenzi KCK, Dinato SLM. Exuberant terra firma‐forme dermatosis in an elderly patient. An Bras Dermatol. 2025;100:501131.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Centro Universitário Lusíada, São Paulo, SP, Brasil.

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