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Vol. 96. Núm. 4.
Páginas 519-520 (1 julho 2021)
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Páginas 519-520 (1 julho 2021)
Carta ‐ Caso Clínico
Open Access
Carcinoma urotelial metastático
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Elisabeth Gómez‐Moyano
Autor para correspondência
, Silvestre Martínez Garcia, David Hernandez Alcaraz, Maria Ayala‐Blanca
Hospital Regional Universitario de Malaga, Málaga, Espanha
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Prezado Editor,

Um homem de 61 anos de idade, do sul da Espanha, apresentou‐se no Departamento de Dermatologia do Hospital Regional Universitario de Malaga com múltiplos nódulos eritemato‐violáceos dolorosos no queixo, tronco e couro cabeludo (fig. 1). O paciente havia sido diagnosticado com câncer vesical micropapilar músculo‐invasivo um ano antes e recebeu tratamento com radioterapia e quimioterapia com cisplatina em protocolo de tratamento poupador da bexiga. Foi realizada biópsia de pele do tronco, que mostrou células atípicas de tamanho médio dispostas em ninhos ou maciços, que exibiam núcleos ovoides redondos e citoplasma eosinofílico abundante, formando pequenos agregados em forma de roseta na derme superficial e profunda (fig. 2). As imunomarcações com CK‐20 e CK‐7 foram positivas.

Figura 1.

Múltiplos nódulos eritemato‐violáceos no tronco (A) e couro cabeludo (B).

(0.2MB).
Figura 2.

Células neoplásicas de tamanho médio organizadas em ninhos (Hematoxilina & eosina, 400×).

(0.14MB).

A tomografía computadorizada abdominal/pélvica mostrou espessamento difuso da parede vesical (fig. 2) após o término da terapia.

Lesões cerebrais múltiplas compatíveis com metástases foram observadas na ressonância magnética do crânio. A TC evidenciou linfonodos mediastinais, nódulos subcutâneos e infiltrado no parênquima pulmonar compatíveis com linfangite carcinomatosa. A imagem da cintilografia mostrou a presença de múltiplas metástases ósseas.

O paciente iniciou tratamento com pembrolizumabe, corticosteroide oral e radioterapia holocraniana (20Gy), mas faleceu sete meses depois.

O carcinoma urotelial é o segundo tumor geniturinário mais comum.1 A doença localizada representa cerca de 80% dos casos, com o restante apresentando envolvimento regional ou a distância.1 Os sítios de metástases mais comuns são os gânglios linfáticos, fígado, pulmão, ossos e, raramente, o cérebro. Metástases cutâneas de câncer urotelial são incomuns, com uma incidência de 0,84%‐3,6% e são consideradas um sinal de mau prognóstico. A infiltração metastática da pele pode ocorrer em decorrência de:2,3 a) extensão direta do tumor; b) disseminação hematogênica ou linfática; c) implantação iatrogênica de células tumorais.

O diagnóstico requer alto índice de suspeita clínica e confirmação histopatológica. A apresentação clínica é bastante diversa e, mais comumente, inclui metástases nodulares subcutâneas isoladas.4 No entanto, os pacientes também apresentam infiltrados difusos, eritematosos e elevados sob a pele. O padrão zosteriforme, doença de Paget extramamária, foi documentado. Eritema gyratum repens e acantose nigricans foram relatados como distúrbios paraneoplásicos.4,5

Foi relatado um caso de metástase cutânea de origem urotelial mimetizando condiloma acuminado.2 A metástase peniana no câncer primário vesical é um evento extremamente raro.2

O prognóstico de pacientes com câncer vesical com disseminação cutânea geralmente é ruim, com sobrevida média de menos de um ano.3

O tratamento ideal do câncer urotelial com histopatologia de variante micropapilar ainda não está claro.4 Embora esse tumor esteja associado a características clinicopatológicas adversas, uma metanálise recente sugere que o câncer urotelial micropapilar não exige necessariamente algoritmos de tratamento diferentes.4

O manejo ideal de pacientes com cT1 (o tumor invade o tecido conjuntivo subepitelial, estágio clínico) permanece controverso. Cada caso deve ser discutido individualmente, considerando outros fatores clinicopatológicos. A discussão das opções de tratamento deve ser parte de um processo compartilhado de tomada de decisão.4

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuições dos autores

Elisabeth Gómez‐Moyano: Curadoria de dados; análise formal; investigação; metodologia; administração do projeto; software; supervisão; validação; visualização; funções/escrita ‐ delineamento original; escrita ‐ revisão.

Silvestre Martínez Garcia: Análise formal; investigação; metodologia; administração do projeto; software; supervisão; validação; visualização; funções/escrita ‐ delineamento original; escrita ‐ revisão.

David Hernandez Alcaraz: Análise formal; investigação; metodologia; administração do projeto; validação da supervisão; visualização; funções/escrita ‐ delineamento original; escrita ‐ revisão.

Maria Ayala‐Blanca: Investigação; metodologia; administração do projeto; supervisão; validação; visualização; funções/escrita ‐ delineamento original; escrita ‐ revisão.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
D. Raghavan.
Cutaneous manifestations of genitourinary malignancy.
Semin Oncol., 43 (2016), pp. 347-352
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F. Giunchi, F. Vasuri, V. Valerio, I. Montagnani, F. Nelli, M. Fiorentino, et al.
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W. Kerkeni, Y. Ayari, L. Charfi, A. Bouzouita, H. Ayed, M. Cherif, et al.
Transitional Bladder Cell Carcinoma Spreading to the Skin.
Urol Case Rep., 11 (2017), pp. 17-18
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M. Abufaraj, B. Foerster, E. Schernhammer, M. Moschini, S. Kimura, M. Hassler, et al.
Micropapillary Urothelial Carcinoma of the Bladder: A Systematic Review and Meta‐analysis of Disease Characteristics and Treatment Outcomes.
Eur Urol., 75 (2019), pp. 649-658
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E. Thomaidou, G. Armoni, L. Klapholz, N. Hadayer, A. Maly, R. Ramot.
Zosteriform cutaneous metastases.
Clin Exp Dermatol., 43 (2018), pp. 718-737

Como citar este artigo: Gómez‐Moyano E, Martínez Garcia S, Hernandez Alcaraz D, Ayala‐Blanca M. Metastatic urothelial carcinoma. An Bras Dermatol. 2021;96:519–20.

Trabalho realizado no Hospital Regional Universitario de Malaga, Málaga, Espanha.

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