Compartilhar
Informação da revista
Vol. 97. Núm. 2.
Páginas 268-271 (1 março 2022)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
9951
Vol. 97. Núm. 2.
Páginas 268-271 (1 março 2022)
Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Carcinoma sebáceo extraocular: apresentação tumoral de rápida evolução
Visitas
9951
Luana Moraes Campos, Joana Alexandria Ferreira Dias, Paula Basso Lima, Sílvio Alencar Marques
Autor para correspondência
silvio.marques@unesp.br

Autor para correspondência.
Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (3)
Mostrar maisMostrar menos
Texto Completo
Prezado Editor,

Carcinoma sebáceo (CS) é neoplasia maligna rara derivada do epitélio anexial das glândulas sebáceas, de maior incidência na região ocular, particularmente palpebral e de comportamento potencialmente agressivo.1–3 Como predisponentes, citam‐se senioridade, radioterapia prévia e associação com síndrome de Muir‐Torre.1–3

Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, de 75 anos, branco, com antecedente de carcinoma espinocelular (CEC), referenciado por lesão na face havia três meses, de crescimento rápido e com episódios de sangramento associados a traumatismos. Ao exame, observamos tumoração de 5cm, bocelada, eritemato‐vinhosa, pré‐auricular, com áreas friáveis e necróticas, associada a lesão satélite de 1cm com características semelhantes e de cicatriz de enxerto pós‐exérese de CEC (fig. 1). Não foram detectadas linfonodomegalias regionais. As hipóteses foram de CEC, metástase de CEC e angiossarcoma. O exame histopatológico (figs. 2 e 3) evidenciou neoplasia dérmica por células claras poligonais, pleomorfismo nuclear evidente, restos celulares e frequentes figuras de mitose. A imuno‐histoquímica revelou positividade para marcadores epiteliais anticitoqueratina AE1/AE3 e de membrana epitelial (EMA) que, associados aos achados histopatológicos, tornaram possível o diagnóstico de CS. O paciente foi encaminhado para o Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da instituição.

Figura 1.

Carcinoma sebáceo extraocular. Tumoração de 5cm, bocelada, eritemato‐vinhosa, de localização pré‐auricular direita, com áreas friáveis e necróticas. Lesão satélite de 1cm com características semelhantes e cicatriz de exérese de carcinoma espinocelular.

(0.2MB).
Figura 2.

Carcinoma sebáceo extraocular. Neoplasia caracterizada por células claras poligonais, pleomorfismo nuclear, restos celulares e frequentes figuras de mitose (Hematoxilina & eosina, 40×).

(0.45MB).
Figura 3.

Carcinoma sebáceo extraocular. Detalhe das células neoplásicas exibindo pleomorfismo nuclear, nucléolos proeminentes e citoplasma multilobado (Hematoxilina & eosina, 400×).

(0.33MB).

Em revisão de 1.349 casos de CS, foram observados predominância no sexo masculino (54%), idade média de 73 anos, 86% caucasianos, 38,7% localização palpebral, sobrevida de 91,9% e 79,2% em cinco e dez anos, respectivamente.1 As metástases mais frequentes foram para linfonodos.1,3 A maioria dos casos ocorre de novo, embora possa se originar de lesões sebáceas benignas e, quando palpebral, superior ou inferior, costuma estar associada a glândulas de Meibonius e Zeis.1–3 A apresentação clínica é variável, em geral indolor e de crescimento lento, mas pode ser rápida e agressiva.2

O CS constitui‐se na terceira ou quarta neoplasia maligna mais frequente das pálpebras, dependendo da referência.1–3 A localização extraocular mais frequente é no segmento cefálico, principalmente na face. O diagnóstico de CS deve constituir‐se em sinal de alerta, pois é um possível marcador da síndrome de Muir‐Torre, genodermatose que se caracteriza pela presença de tumores cutâneos de origem sebácea associados a malignidades sistêmicas, particularmente do trato gastrintestinal.1 Habitualmente, no CS observa‐se nódulo subcutâneo, normocrômico, porém pode exibir diversas morfologias, colorações e comportamento, dependendo de seu local de origem.1–3

O diagnóstico diferencial do CS extraocular inclui carcinoma basocelular (CBC), CEC, melanoma amelanótico, carcinoma de células de Merkel e linfoma cutâneo.1,3 A utilização imuno‐histoquímica de marcadores para BerEP4, EMA (negativos no CBC), AE1 e AE3 (negativos no melanoma, linfomas), adipofilina (negativo no CEC, Merkel), p53 e Ki‐67 é auxiliar ao diagnóstico e prognóstico.1–4 O tratamento é ressecção cirúrgica com margem de 1cm ou técnica cirúrgica micrográfica.2 Opção terapêutica em casos de CS metastático para pulmões e SNC é imunoterapia com pembrolizumabe, da classe dos inibidores dos checkpoints imunológicos anti‐PD1 (programmed death‐1), conduta já utilizada em melanoma metastático e carcinoma de células de Merkel.5

Este relato exemplifica um caso de apresentação atípica de CS extraocular, em especial pela rapidez e agressividade do tumor, já avaliado com lesão satélite específica e aspecto clínico tumoral.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Luana Moraes Campos: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; revisão crítica da literatura.

Joana Alexandria Ferreira Dias: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Paula Basso Lima: Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica do manuscrito.

Sílvio Alencar Marques: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
T. Dasgupta, L.D. Wilson, J.B. Yu.
A retrospective review of 1349 cases of sebaceous carcinoma.
Cancer., 115 (2009), pp. 158-165
[2]
J.L. Owen, N. Kibbi, B. Worley, R.C. Kelm, J.V. Wang, C.A. Barker, et al.
Sebaceous carcinoma: evidence‐based clinical practice guidelines.
Lancet Oncol., 20 (2019), pp. 699-714
[3]
G. Tryggvason, R. Bayon, N.A. Pagedar.
Epidemiology of sebaceous carcinoma of the head and neck: implications of the lymph node management.
Head Neck., 34 (2012), pp. 1765-1768
[4]
K. Mulay, V.A. White, S.J. Shah, S.G. Honavar.
Sebaceous carcinoma: clinicopathologic features and diagnostic role of immunohistochemistry (including androgen receptor).
Can J Ophthalmol., 49 (2014), pp. 326-332
[5]
E. Domingo-Musibay, P. Murugan, A. Giubellino, S. Sharma, D. Steiberger, J. Yuan, et al.
Near complete response to Pembrolizumab in microsatellite‐stable metastatic sebaceous carcinoma J Immunother Cancer., 6 (2018), pp. 58

Como citar este artigo: Campos LM, Dias JA, Lima PB, Marques SA. Extraocular sebaceous carcinoma: tumor presentation of rapid evolution. An Bras Dermatol. 2022;97:268–71.

Trabalho realizado no Departamento de Infectologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem e Radioterapia, Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.

Copyright © 2022. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.