A cirurgia micrográfica pelo método de Munique é tecnicamente distinta da técnica de Mohs tanto na forma da cirurgia em si quanto no processamento laboratorial, assim como na forma de análise microscópica. A peça cirúrgica geralmente é examinada sem divisão desde que seu tamanho possibilite a inclusão por inteiro.1
Na técnica de Munique, originalmente descrita em 1992 e publicada em periódico alemão em 1995, o espécime cirúrgico é congelado, geralmente fora do criostato, por um jato direto de CO2 e com uso de água destilada, e depois inserido no criostato para que se efetuem os recortes.2 No entanto, os autores têm feito, assim como outros colegas, o congelamento diretamente no criostato com o uso de OCT, como é praxe na técnica intraoperatória não apenas de pele, mas de vários outros tecidos.3,4
Apresentada como uma “nova forma de avaliação do debulking”, do ponto de vista técnico‐laboratorial, a técnica descrita por Portela et al.,5 com cortes horizontais, é idêntica à técnica de Munique, mesmo que parta da superfície para a profundidade e que o intervalo dos recortes seja diferente, bem como sua espessura, que pode variar em decorrência de peculiaridades de cada tecido. Igualmente, a observação do tumor e de suas relações com a margem cirúrgica é uma das características mais marcantes do método de Munique.
Ademais, os referidos autores confundem margem cirúrgica com borda cirúrgica, ao afirmar que o método de Mohs, periférico que é, examina a margem cirúrgica, e não a hipotética borda cirúrgica (isto é, o corte que finalmente é depositado na lâmina depois do desgaste do bloco).
A técnica de Munique, se não idêntica, deveria no mínimo ter sido referida pelos autores como a ideia original, uma vez que se encontram vários artigos anteriormente publicados, inclusive nos Anais Brasileiros de Dermatologia.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresAirá Novello Vilar: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito.
Arthur César Farah Ferreira: Revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesseNenhum.
Como citar este artigo: Vilar AN, Ferreira ACF. Histopathological aspects of the inclusion of surgical material in micrographic surgery using the Munich method and its comparison with horizontal histological sections. An Bras Dermatol. 2020;95:547–8.
Trabalho realizado na Clínica Privada, Concórdia, SC, Brasil.