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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 827-829 (1 novembro 2022)
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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 827-829 (1 novembro 2022)
Carta ‐ Caso clínico
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Achados dermatoscópicos em caso de queilite plasmocitária
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Daniella Truffelloa,
Autor para correspondência
daniella.truffello@usach.cl

Autor para correspondência.
, Carolina Cevallosa, Claudio Escanillab, Pauline Morganc
a Residente em Dermatologia, Universidad de Santiago de Chile, Santiago, Chile
b Departamento de Dermatologia, Hospital Barros Luco Trudeau, Santiago, Chile
c Departamento de Patologia, Hospital Regional Libertador Bernardo ÓHiggins, Rancagua, Chile
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Prezado Editor,

A queilite plasmocitária (QCP) é doença inflamatória rara de origem desconhecida, dentro do espectro da mucosite de células plasmáticas. Clinicamente, manifesta‐se como placa ou mancha eritematosa, erosada, e circunscrita, plana a levemente elevada, envolvendo o lábio inferior de pacientes idosos do sexo masculino.1 Histopatologicamente, observa‐se densa infiltração em faixa de plasmócitos na derme superior.2 As características dermatoscópicas dessa entidade foram descritas em apenas um relato.3 Aqui, os autores descrevem um caso de QCP refratária e suas características dermatoscópicas.

Um homem de 52 anos, saudável, trabalhador agrícola, foi encaminhado ao hospital com história de dez anos de erosão eritematosa dolorosa no lábio inferior. O exame físico revelou placa eritematosa com xerose difusa, juntamente com erosões e crostas (fig. 1). A dermatoscopia mostrou lesão bem delimitada com área sem estrutura vermelho‐leitosa, pequenas erosões e múltiplos vasos lineares aumentados na periferia, com distribuição radial. Embora um pequeno foco da lesão apresentasse escamas, essa não era uma característica predominante (fig. 2). Exames laboratoriais, incluindo hemograma completo e testes de função hepática e renal, não mostraram achados anormais, e testes para hepatite B e C e infecção por HIV foram negativos; PPD, raio‐X do tórax, testes de tireoide e eletroforese de proteínas estavam dentro da normalidade. A histopatologia mostrou epitélio pluriestratificado parcialmente ulcerado com paraceratose, sem atipias, com hiperplasia pseudoepiteliomatosa (fig. 3A). A derme apresentava focos de infiltrado inflamatório crônico com plasmócitos abundantes (fig. 3B), macrófagos e áreas de tecido de granulação. O estudo imuno‐histoquímico revelou CK AE1/AE3 (−), CD68 (+) na membrana celular e citoplasma de macrófagos, e imunomarcação positiva para cadeias kappa (fig. 3C) e lambda (fig. 3D). O paciente iniciou tratamento com corticoide tópico e intralesional de alta potência, com pouca resposta. Após uso de prednisona oral na dose de 1mg/kg/dia, apresentou remissão total da lesão no sétimo dia (fig. 1). Entretanto, a lesão recidivou constantemente com a redução da medicação. O tratamento com inibidores tópicos da calcineurina não foi possível em decorrência das condições econômicas.

Figura 1.

(A) O lábio inferior apresenta placa eritematosa xerótica difusa, com erosões e crostas hemorrágicas. (B) Melhora clínica após sete dias de tratamento com prednisona oral.

(0.36MB).
Figura 2.

A dermatoscopia da QCP mostra bordas bem demarcadas com área vermelho‐leitosa sem estrutura (asterisco), pequenas erosões (seta branca) e múltiplos vasos lineares aumentados na periferia, com distribuição radial (setas pretas); também é visto um pequeno foco de escamas brancas na face inferior da lesão.

(0.16MB).
Figura 3.

(A) A histopatologia mostra epitélio escamoso achatado com paraceratose sem atipia, com hiperplasia pseudoepiteliomatosa (Hematoxilina & eosina, 100×). (B) Grande aumento mostra infiltrado inflamatório crônico dérmico com plasmócitos abundantes (Hematoxilina & eosina, 400×). (C) Forte positividade difusa para a cadeia leve kappa é observada nos plasmócitos (Cadeia kappa, 400×). (D) Os plasmócitos também são positivos para a cadeia leve lambda (Cadeia lambda, 400×).

(0.77MB).

Um dos principais diagnósticos diferenciais no contexto deste paciente foi a queilite actínica (QA) ou mesmo progressão para carcinoma espinocelular (CEC). A dermatoscopia pode ser uma ferramenta útil para ajudar a diferenciar essas doenças. Foram encontradas algumas semelhanças entre nosso caso e o relatado anteriormente, em relação à regularidade da borda e ao aumento e proliferação de estruturas vasculares.3 Outras características importantes encontradas no presente caso foram o fundo vermelho‐leitoso em toda a lesão com algumas erosões focais, ausência de borda estrelada e escamas (características sugestivas de QA) e distribuição radial dos vasos lineares aumentados na periferia. Mais relatos são necessários para estabelecer critérios claros para auxiliar na diferenciação clínica dessas doenças.

Embora a QCP seja considerada lesão benigna, geralmente é refratária a vários tratamentos tópicos, incluindo corticosteroides tópicos e intralesionais, inibidores de calcineurina tópicos, agentes antibióticos e antifúngicos; portanto, alguns autores consideraram uma abordagem mais invasiva.1,2 Não está claro se a QCP pode representar lesão precursora de neoplasias malignas, como o CEC.4 Portanto, o seguimento cuidadoso é recomendado.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Daniella Truffello: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; concepção e planejamento do estudo.

Carolina Cevallos: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.

Claudio Escanilla: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.

Pauline Morgan: Aprovação da versão final do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
Y. Yamaguchi, W. Nishie, T. Ito, H. Shimizu.
Plasma cell cheilitis successfully treated with topical calcineurin inhibitors.
Eur J Dermatol., 26 (2016), pp. 609-610
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J.Y. Lee, K.H. Kim, J.E. Hahm, J.W. Ha, W.J. Kwon, C.W. Kim, et al.
Plasma Cell Cheilitis: A Clinicopathological and Immunohistochemical Study of 13 Cases.
Ann Dermatol., 29 (2017), pp. 536-542
[3]
T. Ito, K. Natsuga, S. Tanimura, S. Aoyagi, H. Shimizu.
Dermoscopic features of plasma cell cheilitis and actinic cheilitis.
Acta Derm Venereol., 94 (2014), pp. 593-594
[4]
Y. Yokoi, A. Ohshita, A. Maruyama, S. Komori, K. Masui, N. Katoh, et al.
Squamous cell carcinoma arising from plasma cell cheilitis successfully treated with brachytherapy.
J Dermatol., 47 (2020), pp. e239-e240

Como citar este artigo: Truffello D, Cevallos C, Escanilla C, Morgan P. Dermoscopic findings in a case of plasma cell cheilitis. An Bras Dermatol. 2022;97:827–9.

Trabalho realizado no Hospital Regional Libertador Bernardo O‘Higgins, Rancagua, Chile.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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