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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 838-839 (1 novembro 2022)
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Vol. 97. Núm. 6.
Páginas 838-839 (1 novembro 2022)
Carta ‐ Caso clínico
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Tratamento do líquen plano penfigoide com mesalazina: novo uso do medicamento
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Vijay Gandhi, Pradeep Kumar
Autor para correspondência
drprdp007@yahoo.in

Autor para correspondência.
, Ankita Chauhan
Departamento de Dermatologia & ISTs, University College of Medical Sciences e Guru Teg Bahadur Hospital, Delhi, Índia
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Prezado Editor,

O líquen plano (LP) penfigoide foi descrito pela primeira vez por Kaposi, em 1892. É caracterizado pela formação generalizada de bolhas sobre a pele normal com LP preexistente.1 Os autoanticorpos IgG contra os antígenos BPAg2, BPAg1 e 200kd levam ao desenvolvimento de LP penfigoide. O tratamento inclui dapsona, esteroides sistêmicos, ciclosporina, azatioprina e, mais recentemente, biológicos, incluindo ustequinumabe, com taxa de sucesso variável.2–4 Os autores descrevem um caso de LP penfigoide tratado com sucesso com mesalazina como novo uso de um medicamento mais antigo.

Um homem de 58 anos apresentava múltiplas pápulas violáceas, pruriginosas e placas no dorso das mãos e pés havia cinco anos (fig. 1), além de envolvimento orogenital. Foram observadas ocorrências recorrentes de múltiplas lesões vésico‐bolhosas na pele normal, não lesionada, predominantemente nas extremidades e poucas lesões no tronco (fig. 2), por seis meses. Não foram observadas lesões vésico‐bolhosas sobre as placas hiperpigmentadas preexistentes. O paciente tinha diagnóstico de diabetes mellitus, em tratamento com metformina oral. O esfregaço de Tzanck das bolhas revelou predominantemente neutrófilos polimorfonucleares. A histologia de uma placa hipertrófica mostrou hiperceratose, vacuolização da camada basal e infiltrado linfocitário (fig. 1), enquanto que de uma lesão bolhosa revelou clivagem subepidérmica com neutrófilos e poucos eosinófilos (fig. 3). A imunofluorescência direta mostrou depósito linear de C3 na junção dermoepidérmica (fig. 3). Os recursos para realizar o ensaio imunoadsorvente ligado à enzima (ELISA) para BP180 ou immunoblotting não estavam disponíveis; portanto, não foi possível realizá‐los.

Figura 1.

A ‐ Imagem clínica do líquen plano hipertrófico (seta). B ‐ Exame histopatológico mostrando hiperceratose, paraceratose, acantose, vacuolização da camada basal e infiltrado linfocitário (Hematoxilina & eosina, 400×).

(0.1MB).
Figura 2.

Imagem clínica de lesão tipo penfigoide bolhoso sobre pele normal e inflamada (seta).

(0.16MB).
Figura 3.

A ‐ Microscopia óptica de lesão bolhosa mostrando clivagem subepidérmica com neutrófilos polimorfonucleares (seta) e poucos eosinófilos (Hematoxilina & eosina, 400×). B ‐ Imunofluorescência direta mostrando depósito linear de C3 na junção dermoepidérmica, enquanto IgA, IgG, IgM, e fibrinogênio foram não reativos.

(0.62MB).

O diagnóstico de LP penfigoide foi realizado com base nos achados descritos e o paciente foi tratado com mesalazina oral (800mg, três vezes/dia). As lesões bolhosas apresentaram resolução em duas semanas, sem recorrência após seis meses de seguimento. Dipropionato de betametasona tópico (0,05%) foi utilizado como terapia adjuvante para as placas hipertróficas, com regressão gradual das lesões.

O LP penfigoide deve ser diferenciado do LP bolhoso, quando as bolhas surgem sobre lesões de LP preexistentes. Em contraste com o LP bolhoso, que ocorre em idosos, o LP penfigoide é visto em pacientes mais jovens, com bolhas de curta duração e mais neutrófilos na vesícula subepidérmica ao exame histopatológico. A imunofluorescência direta (IFD) revela deposição de IgG e C3 em padrão fino, linear e contínuo na zona da membrana basal (semelhante ao LP bolhoso), mas a microscopia imunoeletrônica revela que esses depósitos estão localizados na base das bolhas, e não no teto, como no LP bolhoso.

A mesalazina (ácido 5 amino‐salicílico) é um fármaco estruturalmente relacionado aos salicilatos e é usado principalmente como agente anti‐inflamatório (para colite ulcerativa) e como droga modificadora da doença (DMARD) para o tratamento da artrite reumatoide e outras artrites soronegativas. Que seja de nosso conhecimento, a mesalazina não foi utilizada no tratamento de LP, LP bolhoso ou LP penfigoide.2–4 Nenhuma reação adversa importante foi observada no paciente, embora erupções liquenoides tenham sido relatadas durante a terapia com sulfassalazina.5 Como o paciente tinha diabetes mellitus, decidiu‐se pelo uso da mesalazina, já que esta tem efeito favorável no meio metabólico. Os autores propõem a mesalazina como medicamento alternativo em LP penfigoide, especialmente em pacientes com síndrome metabólica, em função de seus efeitos anti‐inflamatórios favoráveis.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Vijay Gandhi: Conceitos; projeto; definição do conteúdo intelectual; busca na literatura; estudos clínicos; preparação do manuscrito; edição do manuscrito; revisão do manuscrito; fiador.

Pradeep Kumar: Conceitos; definição do conteúdo intelectual; estudos clínicos; edição do manuscrito; revisão do manuscrito.

Ankita Chauhan: Conceitos; definição do conteúdo intelectual; estudos clínicos; edição do manuscrito; revisão do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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E.M. Alstead, A.G. Wilson, M.J. Farthing.
Lichen planus and mesalazine.
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Como citar este artigo: Gandhi V, Kumar P, Chauhan A. Treatment of lichen planus pemphigoides with mesalamine: novel use of drug. An Bras Dermatol. 2022;97:838–9.

Trabalho realizado na University College of Medical Science, New Delhi, Índia.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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