Compartilhar
Informação da revista
Vol. 97. Núm. 4.
Páginas 549-550 (1 julho 2022)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
4193
Vol. 97. Núm. 4.
Páginas 549-550 (1 julho 2022)
Correspondência
Open Access
Sem evidência de cardiotoxicidade da miltefosina – Resposta
Visitas
4193
Daniel Holanda Barrosoa,
Autor para correspondência
Danielhbarroso@unb.br

Autor para correspondência.
, Ciro Martins Gomesa,b,c, Antônia Marilene da Silvad, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaioa
a Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
b Laboratório de Dermatomicologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
c Núcleo de Medicina Tropical, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
d Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Texto Completo
Prezado Editor,

Tivemos o prazer de ler os comentários do Professor Dorlos sobre o artigo que publicamos nesta revista.1 Como o Professor corretamente afirma, a cardiotoxicidade do antimoniato de meglumina (NMG) está bem estabelecida e não há evidências farmacocinéticas convincentes de que a miltefosina cause cardiotoxicidade. Entretanto, não foi possível chegar a nenhuma conclusão específica sobre a farmacocinética da miltefosina com base em nossos dados, pois não investigamos a absorção, a distribuição, o metabolismo ou a excreção do medicamento neste estudo. Além disso, muitas explicações são possíveis, além da cardiotoxicidade específica da miltefosina, para explicar o aumento do intervalo QTc observado no estudo de Sundar et al.2 O presente estudo sugere que a miltefosina pode ter alguma cardiotoxicidade específica, mas transitória, uma vez que o mesmo aumento do intervalo QTc não foi observado com o uso do antimoniato de meglumina durante o mesmo período. Certamente, como afirmamos no artigo, essas conclusões são exploratórias e merecem ser confirmadas por evidências de outros estudos. A real ausência de evidência farmacocinética para apoiar nossos achados, no entanto, não exclui sua relevância. Como afirmado corretamente pelo autor, a estratégia empregada no estudo deve ser vista com ceticismo, especialmente considerando o aumento da taxa de erro tipo 1 relacionado a comparações múltiplas.3 Entretanto, a análise estatística deve ser adaptada às características das variáveis estudadas. Como dito com precisão, o intervalo QTc não é um desfecho clínico, e sua significância está relacionada à possibilidade de arritmias cardíacas. Para explicar isso, dicotomizamos a variável para separar os pacientes com risco aumentado de arritmias (QTc ≥ 440ms) e aqueles sem aumento de risco (QTc <440ms). Além disso, ao agregarem‐se os diferentes momentos dos indivíduos, pode‐se omitir um risco aumentado transitório e potencialmente fatal de morte cardíaca. Assim, entendemos que a análise em cada momento é importante para explicar a variabilidade intra‐sujeitos nesse caso. A cardiotoxicidade da miltefosina não está bem estabelecida na literatura, e continuamos a preferir a utilização desse medicamento ao NMG em pacientes com alto risco cardíaco. No entanto, qualquer sinal de cardiotoxicidade da miltefosina merece ser relatado, especialmente considerando o aumento do interesse da comunidade científica na terapia combinada, como evidenciado pelos muitos estudos realizados sobre o assunto.4,5 Finalmente, considerando que a segurança é a principal preocupação quando se trata de vidas humanas, qualquer caso de cardiotoxicidade relacionado à miltefosina deve ser incluído nos dados de farmacovigilância. Isso é ainda mais importante agora, uma vez que a miltefosina foi incorporada em países onde a leishmaniose é endêmica.

Suporte financeiro

Apoio financeiro recebido da Sociedade Brasileira de Dermatologia através de subsidio da FUNADERM e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP‐DF), subsídio número 0193.001447/2016.

Contribuição dos autores

Daniel Holanda Barroso: Elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Ciro Martins Gomes: Elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Antônia Marilene da Silva: Elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio: Elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
D.H. Barroso, C.M. Gomes, A.M. da Silva, R.N.R. Sampaio.
Comparison of cardiotoxicity between n‐methyl‐glucamine and miltefosine in the treatment of american cutaneous leishmaniasis.
An Bras Dermatol., 96 (2021), pp. 502
[2]
S. Sundar, T. Jha, C. Thakur, J. Engel, H. Sindermann, C. Fischer, et al.
Oral miltefosine for indian visceral leishmaniasis.
N Engl J Med., 347 (2002), pp. 1739-1746
[3]
H. Motulsky.
Intuitive biostatistics: a nonmathematical guide to statistical thinking. 4th ed:.
Oxford University Press, (2018),
[4]
T.P. Dorlo, M. Balasegaram, J.H. Beijnen, P.J. de Vries.
Miltefosine: a review of its pharmacology and therapeutic efficacy in the treatment of leishmaniasis.
J Antimicrob Chemother., 67 (2012), pp. 2576-2597
[5]
S.S. Martins, D.H. Barroso, B.C. Rodrigues, J.D.O.C. da Motta, G.S.M. Freire.
Pereira Lida, et al. A pilot randomized clinical trial: oral miltefosine and pentavalent antimonials associated with pentoxifylline for the treatment of american tegumentary leishmaniasis.
Front Cell Infect Microbiol., 11 (2021), pp. 700323

Como citar este artigo: Barroso DH, Gomes CM, Silva AM, Sampaio RNR. No evidence for cardiotoxicity of miltefosine – Reply. An Bras Dermatol. 2022;97:549–50.

Trabalho realizado no Hospital Universitário de Brasília e Laboratório de Dermatomicologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.

Copyright © 2022. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.