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Vol. 97. Núm. 1.
Páginas 110-112 (1 janeiro 2021)
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Vol. 97. Núm. 1.
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Carta ‐ Investigação
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Melanomas de pequeno diâmetro (micromelanomas): achados clínicos, dermatoscópicos e histopatológicos
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Pablo Vargas‐Mora
Autor para correspondência
pablovargas.med@gmail.com

Autor para correspondência.
, Rubén González‐Cuevas, Leonardo Peruilh‐Bagolini, Fernando Valenzuela
Departamento de Dermatologia, Facultad de Medicina, Universidad de Chile, Santiago, Chile
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Tabelas (1)
Tabela 1. Características clínicas, dermatoscópicas e histopatológicas dos micromelanomas (n=20)
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Prezado Editor,

O melanoma é um dos tipos de câncer com as maiores taxas de aumento nas últimas décadas. Tradicionalmente, as estratégias de educação em massa enfatizam a importância dos melanomas com> 6mm (regra ABCDE).1,2 No entanto, a otimização dos métodos diagnósticos, principalmente por meio da dermatoscopia, possibilita a identificação precoce de melanomas menores (micromelanomas). Esses podem representar até um terço de todos os melanomas.3–5 Por esse motivo, decidiu‐se caracterizar a clínica, a dermatoscopia e a histopatologia dos micromelanomas na instituição em questão.

Estudo retrospectivo realizado no Serviço de Dermatologia do Hospital Clínico da Universidad de Chile incluiu todos os pacientes que tiveram diagnóstico de melanoma cutâneo com diâmetro clínico de até 5mm, entre 1° de janeiro de 2003 e 31 de dezembro de 2018. Foram avaliadas as seguintes características: sexo, idade, localização, diâmetro clínico, dermatoscopia (avaliada por dois dermatoscopistas individualmente) e diagnóstico clínico, além de características histopatológicas como diagnóstico (in situ ou invasivo), espessura de Breslow (EB) e ulceração. A estatística descritiva foi aplicada utilizando números absolutos, porcentagens, médias e desvio padrão.

Foram avaliados 20 pacientes (tabela 1), 15 mulheres (75%), e a média de idade foi de 50,4 anos (± 13,4; 28‐79 anos). A localização mais comum foi nos membros inferiores (9/20), seguidos de cabeça/pescoço (5/20), tronco (4/20) e membros superiores (2/20). O diâmetro clínico médio foi 3,7mm (± 1,0; 2‐5mm). O diagnóstico clínico mais frequente foi nevo atípico (9/20), seguido de nevo melanocítico (5/20), melanoma (5/20) e ceratose seborreica (1/20). Havia registro fotográfico da dermatoscopia de 12 lesões, e rede atípica foi encontrada em 6/12 (fig. 1A e B), seguido por pontos/glóbulos irregulares (3/12), áreas hiperpigmentadas irregulares (3/12) e áreas amorfas atípicas (2/12; fig. 2). Do estudo histopatológico: 12 casos (60%) eram melanomas in situ, e os outros oito casos (40%), melanomas invasivos, com EB entre 0,25 e 2,8mm. Nenhuma das lesões apresentou ulceração. Em dois casos foi realizada biópsia de linfonodo sentinela, com resultado negativo.

Tabela 1.

Características clínicas, dermatoscópicas e histopatológicas dos micromelanomas (n=20)

Caso  Sexo/idade  Diagnóstico clínico  Localização  Tamanho (mm)  Diagnóstico histopatológico  Índice de Breslow (mm)  Dermatoscopia: padrão principal  Dermatoscopia: critérios de melanoma 
F/44  Nevo atípico  Tronco  In situ  N/A  Reticular  RA, AHI 
F/45  Nevo atípico  Membros superiores  In situ  N/A  Reticular  RA, PGI 
M/72  Nevo atípico  Tronco  Invasivo  0,75  Multicomponentes  ASEC, AAA, EBB 
F/45  Melanoma  Membros inferiores  In situ  N/A  N/R  N/R 
M/44  Melanoma  Membros inferiores  Invasivo  1,2  N/R  N/R 
F/50  Nevo  Membros inferiores  Invasivo  0,25  Reticular  RA 
F/60  Melanoma  Cabeça/pescoço  In situ  N/A  Reticular  RA 
M/52  Nevo intradérmico  Cabeça/pescoço  Invasivo  2,8  N/R  N/R 
F/61  Nevo  Cabeça/pescoço  In situ  N/A  N/R  N/R 
10  M/50  Melanoma  Cabeça/pescoço  Invasivo  0,9  Reticular  RA 
11  F/79  Nevo  Cabeça/pescoço  Invasivo  0,8  N/R  N/R 
12  F/30  Nevo atípico  Membros inferiores  In situ  N/A  N/R  N/R 
13  F/40  Nevo atípico  Upper limbs  In situ  N/A  Globular  PGI 
14  F/28  Nevo atípico  Membros inferiores  In situ  N/A  Bicomponentesa  AHI 
15  F/36  Ceratose seborreica  Tronco  Invasivo  0,7  N/R  N/R 
16  F/68  Nevo atípico  Membros inferiores  Invasivo  0,4  Sem estrutura  AAA 
17  F/44  Nevo atípico  Membros inferiores  In situ  N/A  Reticular  RA 
18  F/46  Nevo atípico  Membros inferiores  In situ  N/A  N/R  N/R 
19  M/64  Nevo  Tronco  In situ  N/A  Bicomponentesa  PGI 
20  F/50  Melanoma  Membros inferiores  In situ  N/A  Bicomponentesa  AHI 

F, feminino; M, masculino; N/A, não aplicável; N/R, não registrado; RA, rede atípica; ASEC, áreas sem estrutura de cor castanha; AAA, áreas amorfas atípicas; PGI, pontos/glóbulos irregulares; EBB, estruturas brancas brilhantes; AHI, áreas hiperpigmentadas irregulares.

a

Bicomponente com padrão reticular associado.

Figura 1.

(A), Melanoma in situ. Diâmetro clínico de 4mm. (B), Dermatoscopia mostra uma rede atípica com áreas hiperpigmentadas irregulares.

(0.07MB).
Figura 2.

(A), Melanoma invasivo de 0,75mm de espessura de Breslow e diâmetro de 3mm. (B), Dermatoscopia mostra um padrão multicomponentes com áreas sem estrutura de cor castanha, área amorfa atípica, estruturas brancas brilhantes e vasos serpiginosos.

(0.07MB).

O presente estudo é a primeira série de micromelanomas em pacientes latino‐americanos. Ressalta‐se o alto percentual de melanomas invasivos, incluindo um caso com EB acima de 2mm. Isso é semelhante ao mostrado em outros estudos, que relataram entre 27% e 45% de melanomas invasivos.1,3,6 Entretanto, Bono et al. relataram um componente invasivo em 19 das 23 lesões (83%) de 3mm ou menos. Isso é altamente digno de nota e preocupante, visto que contrasta com o pensamento clássico, que sugere que lesões pequenas são lesões em estágio inicial.2

Estratégias de detecção precoce de melanomas, como a regra ABCDE, não são muito eficientes para o reconhecimento de micromelanomas. Uma característica clínica sugerida por vários autores é a maior frequência e intensidade da coloração preta. Isso sugere a possibilidade de alterar a regra ABCDE, com “Dark” substituindo “Diameter” para a letra “D” nessas lesões.6 No entanto, deve‐se notar a pouca utilidade dessa regra em melanomas nodulares, que podem representar uma parte importante dos micromelanomas mais espessos.

Quanto à dermatoscopia, observou‐se mais frequentemente rede atípica, pontos/glóbulos irregulares e áreas hiperpigmentadas irregulares, conforme descrito na literatura.3,7 De acordo com Seidenari et al., os micromelanomas carecem de muitas das características das lesões maiores, como o fato de serem menos assimétricos, terem menos cores e menor frequência de regressão. Eles também praticamente não têm vasos atípicos ou véu branco‐azulado, e isso, sem dúvida, torna o diagnóstico mais difícil.3

Lesões melanocíticas de pequeno diâmetro devem ser avaliadas com a mesma atenção que lesões maiores, pois se forem melanomas, a possibilidade de serem invasivos não é baixa, como mostra o presente estudo.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Pablo Vargas‐Mora: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Rubén González‐Cuevas: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Leonardo Peruilh‐Bagolini: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito.

Fernando Valenzuela: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
N.R. Abbasi, H.M. Shaw, D.S. Rigel, R.J. Friedman, W. McCarthy, I. Osman, et al.
Early diagnosis of cutaneous melanoma: revisiting the ABCD criteria.
JAMA., 292 (2004), pp. 2771-2776
[2]
A. Bono, E. Tolomio, S. Trincone, C. Bartoli, S. Tomatis, A. Carbone, et al.
Micro‐melanoma detection: a clinical study on 206 consecutive cases of pigmented skin lesions with a diameter<or=3 mm. Br J Dermatol., 155 (2006), pp. 570-573
[3]
S. Seidenari, C. Ferrari, S. Borsari, A. Fabiano, S. Bassoli, F. Giusti, et al.
Dermoscopy of small melanomas: just miniaturized dermoscopy?.
Br J Dermatol., 171 (2014), pp. 100613
[4]
G. Pellizzari, J. Magee, D. Weedon, C. Rosendahl.
A tiny invasive melanoma: a case report with dermatoscopy and dermatopathology.
Dermatol Pract Concept., 3 (2013), pp. 4951
[5]
E.D. Drugge, E.R. Volpicelli, R.M. Sarac, S.R. Strang, D.M. Elston, R.J. Drugge.
Micromelanomas identified with time‐lapse total body photography and dermoscopy.
J Am Acad Dermatol., 78 (2018), pp. 182-183
[6]
S.M. Goldsmith, A.R. Solomon.
A series of melanomas smaller than 4 mm and implications for the ABCDE rule.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 21 (2007), pp. 929-934
[7]
A. Megaris, A. Lallas, L.P. Bagolini, C. Papageorgiu, I. Spyridis, Z. Apalla.
Dermatoscopic features of melanomas with a diameter up to 5 mm (micromelanomas): a retrospective study.
J Am Acad Dermatol., 83 (2020), pp. 1160-1161

Como citar este artigo: Vargas‐Mora P, González‐Cuevas R, Peruilh‐Bagolini L, Valenzuela F. Small‐diameter melanomas (micromelanomas): clinical, dermoscopic and histopathological findings. An Bras Dermatol. 2022;97:110–2.

Trabalho realizado no Hospital Clínico Universidad de Chile, Santiago, Chile.

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