Paciente do sexo masculino, de 47 anos, visitou o Serviço de Dermatologia queixando‐se de nódulo assintomático na extremidade inferior, que apareceu havia cinco anos. Paciente hígido e não identificou nenhum evento desencadeante, como picada de inseto ou trauma menor. O exame físico mostrou nódulo dérmico acastanhado de 5mm de tamanho com depressão central na coxa esquerda (fig. 1A). A dermatoscopia mostrou área central de coloração avermelhada com descamação, circundada por rede pigmentar acastanhada (fig. 1B). O nódulo foi removido cirurgicamente com margem de 2mm, sob anestesia local. O exame histopatológico mostrou área central deprimida e adelgaçamento dérmico (fig. 2A). Maior ampliação revelou proliferação de células tumorais fibroblásticas na derme e hiperplasia da epiderme sobrejacente (fig. 2B). A imunomarcação com fator XIIIa foi positiva, mas o CD34 foi negativo. A coloração para fibras elásticas de van Gieson revelou diminuição das fibras elásticas na derme (fig. 2C). Foi realizada imuno‐histoquímica utilizando anticorpos contra metaloproteinase de matriz‐2 (MMP‐2), MMP‐7, MMP‐9 e MMP‐12, sendo observada intensa expressão de MMP‐2 nas células tumorais fibroblásticas (fig. 2D).
(A) Lesão com depressão central evidenciando adelgaçamento dérmico (Hematoxilina & eosina, 40×). (B) Maior ampliação mostrando proliferação de células tumorais fibroblásticas na derme e hiperplasia da epiderme sobrejacente (Hematoxilina & eosina, 200×). (C) Diminuição das fibras elásticas na derme adelgaçada (coloração para fibras elásticas de van Gieson, 200×). (D) Expressão acentuada de MMP‐2 nas células tumorais fibroblásticas (200×).
O dermatofibroma atrófico é variante rara, clinicamente caracterizado por nódulo ou placa acastanhada solitária, com umbilicação central.1,2 A espessura dérmica na área da lesão é geralmente a metade da espessura do tecido dérmico adjacente. Em revisão recente de casos de dermatofibroma atrófico em 64 pacientes, as localizações mais comuns foram ombro (25%), membros inferiores (23,4%) e região dorsal (17,2%).1 Em virtude das características clínicas, como nódulo ou placa acastanhada com depressão central, o diagnóstico clínico não é tão difícil. O exame dermatoscópico mostra rede pigmentar irregular, múltiplas manchas brancas semelhantes a cicatrizes, e coloração rosa‐avermelhada,3,4 que podem ser de alguma ajuda para o diagnóstico clínico de dermatofibroma atrófico.
A fisiopatologia do adelgaçamento dérmico no dermatofibroma atrófico é desconhecida. Estudos anteriores revelaram que as fibras elásticas estão diminuídas ou ausentes nos dermatofibromas atróficos. Recentemente, a superexpressão de MMP‐1 por células tumorais foi relatada no dermatofibroma atrófico.5 Além disso, no presente estudo, foi observado que a MMP‐2 era fortemente expressa nas células fibroblásticas, enquanto a expressão de outras MMP, como MMP‐7, MMP‐9 e MMP‐12, não foi observada. A limitação é que não foi examinada a expressão de MMP em dermatofibromas comuns sem adelgaçamento dérmico. Portanto, não é possível concluir que a expressão aumentada de MMP‐2 seja a principal causa desse aspecto característico dos dermatofibromas atróficos. Entretanto, MMP‐1 e MMP‐2 podem desempenhar importante papel na degradação do tecido conjuntivo nos dermatofibromas atróficos; e mais estudos são necessários.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresMisaki Kusano: Obtenção, análise e interpretação dos dados; elaboração e redação do manuscrito.
Toshiyuki Yamamoto: Revisão crítica do manuscrito; aprovação da versão final do manuscrito.
Conflito de interessesNenhum.