Compartilhar
Informação da revista
Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 402-404 (1 maio 2022)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
6506
Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 402-404 (1 maio 2022)
Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Abordagem terapêutica da síndrome de Lyell com infliximabe
Visitas
6506
Jânia Dara Jácome Pachecoa,
Autor para correspondência
jania_pacheco@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Maria Rodrigues Viegas Ribeiroa, Catarina Sousa Duque Soares Queirósb, Maria Fátima Cameira Martins Xambrea
a Departamento de Anestesiologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal
b Departamento de Dermatologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (2)
Texto Completo
Prezado Editor,

A necrólise epidérmica tóxica (NET) é doença mucocutânea rara e potencialmente fatal.

Jovem de 23 anos apresentou NET após tratamento com diclofenaco, metamizol e etoricoxibe. Apresentou febre, mucosite oral, ocular e perineal e erupção maculopapular que afetava uma área de superfície corporal estimada em 20%. A paciente foi atendida no Departamento de Dermatologia, onde foram coletadas amostras de pele para biópsia e iniciada imunoglobulina intravenosa (IgIV). Entretanto, seu quadro clínico se agravou, e ela foi então transferida para a Unidade de Queimados.

Na hospitalização, apresentava extensa erupção maculopapular. Havia também sinal de Nikolsky positivo na face, região dorsal, palmas das mãos e plantas dos pés e envolvimento das mucosas oral, ocular, vaginal e perineal (figs. 1 e 2). Além disso, em virtude do edema das vias respiratórias superiores, foi submetida à intubação orotraqueal.

Figura 1.

Bolhas, vesículas e descolamento da epiderme.

(0.11MB).
Figura 2.

Descolamento da epiderme.

(0.17MB).

Houve piora clínica após terapia com imunoglobulina, com aumento do acometimento da superfície corporal (de 85% para 100%). Além disso, a paciente desenvolveu falência de múltiplos órgãos com disfunção hematológica, cardiovascular, hepática, gastrintestinal e renal.

No oitavo dia de internação, a paciente recebeu dose única de infliximabe (5mg/kg, IV) e iniciou pulso de dexametasona (100mg IV, 1 vez/dia) por três dias. Após administração de infliximabe, evoluiu favoravelmente com resolução progressiva da disfunção multiorgânica; no 19° dia, apresentou epitelização de toda a superfície corporal.

De acordo com a literatura, a NET é uma reação idiossincrática grave, induzida principalmente por medicamentos. Caracteriza‐se por descolamento da pele e das membranas mucosas ao nível da junção derme‐epiderme como resultado da necrose dos ceratinócitos.

O diagnóstico da NET é clínico: caracteriza‐se por uma fase prodrômica com sintomas gripais que precedem o aparecimento de lesões mucocutâneas. A confirmação do diagnóstico requer biópsia de pele.1

Em pacientes com provável NET induzida por medicamentos, o diagnóstico precoce e a interrupção imediata do medicamento são essenciais para melhorar o prognóstico.

Além dos cuidados de suporte, não há tratamento estabelecido. No entanto, vários imunossupressores e imunomoduladores têm sido utilizados e, embora não existam estudos randomizados adequados, alguns medicamentos têm se mostrado promissores.

Os corticosteroides estavam entre os primeiros fármacos empregados; entretanto, seu uso é atualmente controverso. Embora alguns estudos demonstrem pior prognóstico,2 há outros que mostram benefícios com a administração de altas doses em um curto período de tempo.3

A IgIV costumava ser a terapia de maior consenso para o tratamento dessa síndrome. Entretanto, uma metanálise publicada em 2012 concluiu que esse medicamento não está associado a melhor prognóstico.4

Os inibidores de TNF‐α parecem ser fármacos promissores no tratamento da NET. Existem alguns relatos de casos em que uma dose única de infliximabe ou etanercepte interrompeu a progressão da doença e induziu a regressão das lesões cutâneas.5

De fato, o caso relatado está de acordo com esses achados, pois a paciente não apresentou melhora após a administração de IgIV, mas teve ótima resposta ao infliximabe e à dexametasona em altas doses.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Jânia Dara Jácome Pacheco: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Maria Rodrigues Viegas Ribeiro: Revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação de dados; elaboração e redação do manuscrito.

Catarina Sousa Duque Soares Queirós: Revisão crítica do manuscrito.

Maria Fátima Cameira Martins Xambre: Aprovação da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
L. Cabral, C. Diogo, F. Riobom, L. Teles, C. Cruzeiro.
[Toxic Epidermal Necrolysis (Lyell syndrome): a pathology for burn units].
Acta Med Port., 17 (2004), pp. 129-140
[2]
J.J. Kelemen, W.G. Cioffi, W.F. McManus, A.D. Mason Jr., B.A. Pruitt Jr..
Burn center care for patients with toxic epidermal necrolysis.
J Am Coll Surg., 180 (1995), pp. 273-278
[3]
S.H. Kardaun, M.F. Jonkman.
Dexamethasone pulse therapy for Stevens‐Johnson syndrome/toxic epidermal necrolysis.
Acta Derm Venereol., 87 (2007), pp. 144-148
[4]
Y.C. Huang, Y.C. Li, T.J. Chen.
The efficacy of intravenous immunoglobulin for the treatment of toxic epidermal necrolysis: a systematic review and meta‐analysis.
Br J Dermatol., 167 (2012), pp. 424-432
[5]
K.F. Woolridge, P.L. Boler, B.D. Lee.
Tumor necrosis factor alpha inhibitors in the treatment of toxic epidermal necrolysis.
Cutis., 101 (2018), pp. E15-E21

Como citar este artigo: Pacheco JDJ, Ribeiro MRV, Queirós CSDS, Xambre MFCM. Therapeutic approach of Lyell syndrome with infliximab and dexamethasone pulse: report of a clinical case. An Bras Dermatol. 2022;97:402–4.

Trabalho realizado no Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.

Copyright © 2022. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.