A cirurgia micrográfica foi desenvolvida na década de 1930 pelo Dr. Friedrich Mohs, com o método de fixação tecidual in vivo. Em 1970, Stegman e Tromovitch publicaram uma série de casos com fixação ex vivo. Já em 1995 foi descrito o método de Munique. Desde então, houve um constante aprendizado das técnicas.1–4
No trabalho de Portela et al.5 é descrita uma nova forma de avaliação de debulking, porém idêntica ao método de Munique, já descrito na literatura; confundem‐se os conceitos de margem e borda cirúrgica; os autores ilustram uma característica essencial do método de Munique, a possibilidade de avaliação da relação tumor‐margem cirúrgica e da observação do tumor. Permite‐se, desse modo, demonstrar melhor o subtipo, os aspectos citológicos e a arquitetura tumoral, dados com relevância clínica e oncológica e na tomada de decisão, ainda com maior importância em tumores de histologia mais rara e com maior potencial metastático; também facilita a identificação de invasão perineural. Por outro lado, os métodos periféricos avaliam apenas a borda cirúrgica e “perdem” a observação da porção central tumoral; ainda que no produto do debulking seja feito bread‐loafing no bloco de parafina, a amostragem é menor e não se tem o resultado no transoperatório, devido ao tempo necessário para inclusão e processamento da parafina – um empecilho, entretanto, é que no método a fresco há maior chance de haver artefatos técnicos (tabela 1).
Comparação entre algumas características do método de Munique e os métodos periféricosa
Método de Munique | Métodos periféricos (Mohs, torta de Tübigen, Muffin) | |
---|---|---|
Observação do core tumoral | Sim | Não |
Observação do tumor | Sim | Não (apenas se houver comprometimento tumoral da borda cirúrgica) |
Avaliação do sítio cutâneo tumoralb | Sim | Não |
Observação da relação tumor‐margem cirúrgica | Sim | Não |
Análise da citologia tumoral (p. ex., figuras de mitose) | Sim | Não (apenar se houver comprometimento tumoral da borda cirúrgica) |
Avaliação de acometimento perineural | Facilitada | Dificultada |
Número de lâminas | Maior | Menor |
Ainda que seja feita uma biópsia prévia da área afetada, pode haver discordância entre os dados da biópsia incisional e da exérese posterior, devido à amostragem, como assinalado por Portela et al.5
Deve ser ressaltada a importância do aprofundamento da discussão dos pormenores técnico‐laboratoriais das diversas formas de cirurgia micrográfica, inclusive as implicações de cada modalidade nos dados clínico‐oncológicos.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuições do autorAprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesseNenhum.
Como citar este artigo: Corrêa Filho SS. On the different methods of micrographic surgery and their differences in the visualization of the tumor and surgical margin, and in the contribution to clinical and oncological aspects. An Bras Dermatol. 2020;95:546–7.
Trabalho realizado na Clínica Privada, Blumenau, SC, Brasil.