Journal Information
Vol. 96. Issue 3.
Pages 358-361 (1 May 2021)
Visits
11718
Vol. 96. Issue 3.
Pages 358-361 (1 May 2021)
Qual o seu diagnóstico?
Open Access
Caso para diagnóstico. Pápula normocrômica assintomática na região bucinadora
Visits
11718
Irving Llibrán Reyna‐Rodríguez, Sonia Chavez‐Alvarez, Jorge Ocampo‐Candiani
Corresponding author
jocampo2000@yahoo.com.mx

Autor para correspondência.
Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina, Hospital Universitario Dr. José E. González, Universidad Autónoma de Nuevo Leon, Monterrey, México
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Abstract
Full Text
Bibliography
Download PDF
Statistics
Figures (3)
Show moreShow less
Resumo

Relato de caso de um homem de 40 anos de idade com história pessoal e familiar normal, que se apresentou para avaliação de uma pápula assintomática localizada na região bucinadora direita. A histopatologia revelou uma neoplasia encapsulada na derme, composta por células estreitas, alongadas e onduladas, com citoplasma mal definido, cromatina densa e extremidades afiladas intercaladas com fibras de colágeno. Os achados patológicos foram inteiramente consistentes com tecido de padrão Antoni B. O diagnóstico foi schwannoma infraorbital. O achado incidental de tumores raros como este devem fazer os médicos considerarem um espectro maior de diagnósticos diferenciais para uma pápula unilateral normocrômica na região bucinadora dos pacientes.

Palavras‐chave:
Neurilemoma
Schwannoma
Schwannoma infraorbital
Tumor
Full Text
Relato do caso

Homem de 40 anos de idade, com história pessoal e familiar normal, apresentou‐se para avaliação de uma pápula assintomática localizada na região bucinadora direita, presente desde a infância. O paciente não havia recebido nenhum tratamento. O exame físico revelou uma pápula solitária, circunscrita, firme, normocrômica, medindo de 4 a 6mm (fig. 1A). O exame dermatoscópico (luz polarizada, Dermlite) demonstrou eritema inespecífico, rede pigmentar normal sem obstrução folicular (fig. 1B). Foi realizada biópsia excisional da lesão.

Figura 1.

(A), Pápula normocrômica na região bucinadora direita. (B), Imagem dermatoscópica polarizada mostrando aspectos não característicos.

(0.24MB).

A histopatologia (fig. 2) revelou uma neoplasia encapsulada na derme; no grande aumento obervaram‐se células delgadas, alongadas e onduladas, com citoplasma mal definido, cromatina densa e extremidades afiladas, intercaladas com fibras de colágeno. A imunomarcação com S‐100 (fig. 3 A e B) e proteína ácida fibrilar glial (GFAP) (fig. 3 C e D) foi positiva. Os achados histopatológicos foram consistentes com tecido de padrão Antoni B. O paciente apresentou boa cicatrização do local da biópsia excisional.

Figura 2.

(A) Tumor encapsulado bem definido na derme (Hematoxilina & eosina, 100×). (B), Células de Schwann fusiformes formando corpúsculos de Verocay, padrão Anthony B (Hematoxilina & eosina, 200×).

(0.85MB).
Figura 3.

(A e B), Imunomarcação positiva para S100. (C e D), Imunomarcação positiva para GFAP.

(1.59MB).
Qual o seu diagnóstico?

  • a)

    Nevo intradérmico

  • b)

    Hiperplasia sebácea

  • c)

    Schwannoma infraorbital

  • d)

    Tricoepitelioma

Discussão

O schwannoma, também chamado de neurilemoma, é uma neoplasia ectodérmica benigna originada da bainhas de células de Schwann de nervo periférico, craniano ou autônomo.1 O acometimento ocorre numa proporção de homens:mulheres de 1:1, mas alguns autores consideram que as mulheres são mais frequentemente afetadas.2,3 A maioria dos schwannomas extracranianos está presente na cabeça e no pescoço (25%‐45%).4,5 Eles podem se desenvolver a partir de qualquer um dos 12 nervos cranianos (principalmente do nervo auditivo), exceto os nervos óptico e olfatório (porque não têm células de Schwann em suas bainhas).4 O nervo trigêmeo raramente está associado a schwannomas, especialmente na área do nervo infraorbital.3 O schwannoma se apresenta como uma massa de crescimento lento, sem dor ou déficit neurológico.4 O diagnóstico é feito por análise histopatológica e correlação clínica. Histopatologicamente, as células de Schwann podem ser vistas como células fusiformes em fileiras paralelas, formando um padrão típico em paliçada de corpúsculos de Verocay. A classificação é baseada de acordo com a celularidade: Antoni A (hipocelular) ou Antoni B (hipercelular).6 Não há presença de fibroblastos, mastócitos, neurilema ou células endoneurais.3 Possíveis diagnósticos diferenciais clínicos na região bucinadora incluem nevo intradérmico, cisto dermoide, hiperplasia sebácea, tricoepitelioma e neuroma encapsulado em paliçada (NEP). Na análise histopatológica, o principal diagnóstico diferencial é NEP (contém axônios); na imunomarcação, ambos os tumores são S‐100 positivos; o schwannoma é GFAP positivo e negativo para neurofilamento, enquanto o NEP é o oposto.7 Outros diagnósticos diferenciais histopatológicos são neurofibroma (falta uma cápsula, contém substância fundamental com mucopolissacarídeos e menos axônios com bainhas de mielina), neuroma traumático (células axonais e de Schwann, além de células inflamatórias e cicatriciais) e leiomioma (células musculares fusiformes).7,8 Schwannomas extracranianos têm bom prognóstico com tratamento exclusivamente cirúrgico (abordagem de acordo com o tamanho, extensão e localização anatômica).9 A transformação maligna é extremamente rara quando se apresenta como lesão isolada.10 O achados incidental de tumores raros, como esse schwannoma do nervo infraorbital, devem fazer com que os médicos considerem um espectro maior no diagnóstico diferencial para uma pápula unilateral normocrômica na região bucinadora de pacientes saudáveis de meia‐idade.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuições dos autores

Irving Llibrán Reyna‐Rodríguez: Concepção e planejamento do estudo; preparação e redação do manuscrito; coleta, análise e interpretação de dados; revisão crítica da literatura.

Sonia Chavez‐Alvarez: Concepção e planejamento do estudo; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; aprovação da versão final do manuscrito.

Jorge Ocampo‐Candiani: Concepção e planejamento do estudo; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; aprovação da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
J. Asaumi, H. Konouchi, K. Kishi.
Schwannoma of the upper lip: ultrasound CT, and MRI findings.
J Oral Maxillofac Surg., 58 (2000), pp. 1173-1175
[2]
B. Pirimoglu, M. Kantarci.
An Unusual Case of Schwannoma in the Infraorbital Region.
J Craniofac Surg., 29 (2018), pp. e814-e815
[3]
J.S. Choi, S.M. Park, C. Kyung-Un.
A rare case of isolated schwannoma in infraorbital nerve.
Arch Craniofac Surg., 19 (2018), pp. 231-234
[4]
Y.S. Leu, K.C. Chang.
Extracranial head and neck schwannomas: a review of 8 years experience.
Acta Otolaryngol., 122 (2002), pp. 435-437
[5]
Y.O. Kok, M.S. Yeo, W. Nallathamby, S.J. Lee.
Infraorbital Nerve Schwannoma Presenting as an Upper Lip Mass in an Adolescent Boy.
Ann Plast Surg., 71 (2013), pp. 196-197
[6]
M.S. Tezer, M. Ozcan, Ö. Han, A. Unal, S. Ozlugedik.
Schwannoma originating from the infraorbital nerve: A case report.
Auris Nasus Larynx., 33 (2006), pp. 343-345
[7]
C. Leblebici, T.C. Savli, B. Yeni, M. Cin, A.E.K. Aksu.
Palisaded Encapsulated (Solitary Circumscribed) Neuroma: A Review of 30 Cases.
Int J Surg Pathol., 27 (2019), pp. 506-514
[8]
S.R. Dubovy, B.J. Clark.
Palisaded encapsulated neuroma (solitary circumscribed neuroma of skin) of the eyelid: report of two cases and review of the literature.
Br J Ophthalmol., 85 (2001), pp. 949-951
[9]
A.A. Karkas, S.A. Schmerber, G.V. Bettega, E.P. Reyt, C.A. Righini.
Osteoplastic maxillotomy approach for infraorbital nerve schwannoma, a case report.
Head Neck., 30 (2009), pp. 401-404
[10]
J. Sitenga, G. Aird, A. Vaudreuil, C.J. Huerter.
Clinical features and management of schwannoma affecting the upper and lower lips.
Int J Dermatol., 57 (2018), pp. 1047-1052

Como citar este artigo: Reyna‐Rodríguez IL, Chavez‐Alvarez S, Ocampo‐Candiani J. Case for diagnosis. Infraorbital schwannoma. An Bras Dermatol. 2021;96:358–61.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Faculdade de Medicina, Hospital Universitario Dr. José E. González, Universidad Autónoma de Nuevo Leon, Monterrey, México.

Copyright © 2021. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Download PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia
Article options
Tools
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.