Lemos o estudo “Necrólise epidérmica: pontuação Scorten em pacientes com e sem Aids”1 com interesse e parabenizamos os autores por seu importante trabalho. Gostaríamos de destacar um ponto sobre a utilidade do escore Severity of Illness Score in Patients with Stevens Johnson Syndrome and Toxic Epidermal Necrolysis (Scorten) na necrólise epidérmica. Os autores apontam, corretamente, que infecções generalizadas e sepse são as principais causas de mortalidade em pacientes com síndrome de Stevens Johnson (SSJ) e necrólise epidérmica tóxica (NET). No entanto, o Scorten não inclui marcador direto de infecção. Ele avalia parâmetros que podem indicar infecção ou que apenas refletem a resposta inflamatória sistêmica em andamento. Infelizmente, a sepse já pode ter ocorrido no momento da admissão. É essencial conhecer o status infeccioso na apresentação, tanto para o prognóstico quanto para a decisão de tratamento específico. Um atraso no diagnóstico de sepse pode resultar em rápida progressão para colapso circulatório e falência de órgãos. Além disso, qualquer forma de imunossupressão induzida iatrogenicamente pode ser fatal para um paciente séptico. A prática de aguardar culturas pode adiar decisões importantes e nem sempre fornecer um quadro preciso. Marcadores não específicos, como proteína C reativa, velocidade de sedimentação de eritrócitos, contagem total de leucócitos e contagem de plaquetas, apresentam o mesmo problema. Um marcador ideal para o diagnóstico precoce da sepse precisa ser sensível, específico, apresentar aumento já no início da sepse, produzir resultados confiáveis e reprodutíveis e ser fácil de medir em ambiente hospitalar. O parâmetro disponível que mais se aproxima desses critérios é provavelmente a procalcitonina sérica (PCT). O padrão reativo da PCT tem início dentro de quatro horas após a resposta à infecção ou lesão, atinge o valor máximo em seis horas e apresenta um platô de oito a 24 horas, retorna aos valores iniciais de base em dois a três dias.2 Os níveis normais de PCT são aproximadamente 0,05 ng/mL. Níveis mais altos, até 0,5 ng/mL, são observados em infecções locais, 0,5±2 ng/mL em infecções sistêmicas, 2?10 ng/mL em sepse e> 10 ng/mL em sepse grave.3
A utilidade da PCT no diagnóstico de sepse foi amplamente estabelecida em pacientes queimados.2,4 Uma resposta inflamatória sistêmica semelhante ocorre na NET, dificulta a diferenciação da sepse. Observamos que um valor muito alto de PCT nas primeiras 24 horas de hospitalização (> 10 ng/mL) é um preditor de piores desfechos, independentemente do escore Scorten no mesmo período de tempo. Observações semelhantes foram feitas por Mokline et al. em pacientes queimados.2
Assim, acreditamos que os níveis de PCT do dia 0 devem ser considerados como um marcador prognóstico independente para SSJ/NET, além dos parâmetros validados no escore Scorten. Além disso, acreditamos que novos estudos que avaliem especificamente o papel da PCT no manejo da SSJ/NET sejam necessários.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresAnanta Khurana: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito; preparação e redação do manuscrito.
Mukesh Kumar Sharma: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito; preparação e redação do manuscrito.
Kabir Sardana: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito; preparação e redação do manuscrito.
Conflitos de interesseNenhum.