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Vol. 99. Núm. 1.
Páginas 150-153 (1 janeiro 2024)
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Cartas ‐ Terapia
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Resolução completa de granuloma anular elastolítico de células gigantes generalizado com doxiciclina
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Dídac Marín‐Piñeroa,
Autor para correspondência
marindidac@gmail.com

Autor para correspondencia.
, M. Ángeles Sola‐Casasa, Noelia Perez‐Muñozb
a Departamento de Dermatologia, Hospital Universitari Sagrat Cor, Grupo Quirónsalud, Barcelona, Espanha
b Departamento de Patologia, Hospital Universitari General de Catalunya, Grupo Quirónsalud, Universitat Internacional de Catalunya, Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha
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Tabelas (1)
Tabela 1. Visão geral dos casos publicados de GAE tratados com tetraciclinas
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Prezado Editor,

O granuloma anular elastolítico (GAE) é dermatose granulomatosa rara com etiologia e fisiopatologia incertas. As características histopatológicas são elastólise e elastofagocitose. O mecanismo definitivo que leva ao dano das fibras elásticas ainda não foi elucidado; o tratamento é desafiador e o uso de tetraciclinas é controverso em virtude de sua potencial fototoxicidade. Aqui, os autores apresentam um caso de GAE generalizado com resolução completa após doxiciclina diária. Foram revisados os casos anteriores tratados com tetraciclinas.

Paciente do sexo masculino, de 88 anos, com hipertensão leve em tratamento com lisinopril, procurou o Departamento de Dermatologia apresentando múltiplas placas anulares eritematosas e levemente pruriginosas com centro atrófico localizadas na região dorsal, ombros, parte posterior da região cervical e parte superior do tórax que haviam aparecido no mês anterior (fig. 1A). O diagnóstico diferencial inicial incluiu lúpus eritematoso cutâneo subagudo, granuloma anular generalizado e psoríase anular. Biopsia por punch obtida de borda eritematosa mostrou na histopatologia a presença de infiltrado granulomatoso dérmico disperso com células gigantes multinucleadas e elastofagocitose compatível com o diagnóstico de GAE (fig. 2). Exames laboratoriais incluindo hemograma completo, glicemia, função hepática e renal e anticorpos antinucleares foram normais. Considerando que as lesões não estavam localizadas em áreas fotoexpostas, a pouca exposição solar do paciente e os casos previamente relatados de GAE tratados com tetraciclinas, foi iniciada doxiciclina 100mg/dia. Após cinco meses, observou‐se resolução completa das lesões e do prurido (fig. 1B). Entretanto, as lesões recidivaram rapidamente quando a doxiciclina foi suspensa, mas após sua reintrodução, o paciente apresentou melhora acentuada durante os 12 meses seguintes.

Figura 1.

(A) Múltiplas placas anulares eritematosas nas regiões dorsal e cervical posterior na consulta inicial. (B) Resolução completa das lesões após cinco meses em tratamento com doxiciclina 100mg/dia.

(0.74MB).
Figura 2.

(A) Histopatologia da pele mostrando infiltrado granulomatoso dérmico disperso com fagocitose de fibras elásticas por células gigantes multinucleadas. (Hematoxilina & eosina, 100×). (B) Elastofagocitose por células gigantes multinucleadas demonstrada pela coloração das fibras elásticas. A seta azul indica a elastofagocitose. (Verhoeff‐Van Gieson, 100×).

(1.31MB).

O GAE foi descrito pela primeira vez como granuloma actínico por O’Brien, em 1975, para indicar o papel causal do dano solar desencadeando elastólise e elastofagocitose. Entretanto, a pele fotoenvelhecida apresentando alterações degenerativas da elastina raramente está associada à elastofagocitose. As lesões de GAE geralmente estão localizadas na pele não exposta; portanto, outros fatores além do calor e da radiação ultravioleta devem ser considerados. Vários eventos podem lesar as fibras elásticas e desencadear a resposta inflamatória que leva à sua fagocitose. Um desses gatilhos pode ser a hiperglicemia no diabetes mellitus, já que tem sido frequentemente relatada como doença concomitante. Muitas outras associações, como neoplasias malignas e doenças inflamatórias, já foram descritas, mas provavelmente a apresentação mais comum é a forma idiopática1. Apesar de seu curso benigno, o GAE pode levar vários anos para apresentar resolução, porque as lesões geralmente são extensas e podem exigir diferentes modalidades de tratamento para prevenir sua progressão. Os efeitos anti‐inflamatórios e antigranulomatosos das tetraciclinas são bem conhecidos, mas essa medicação não é considerada tratamento conveniente em virtude de sua fototoxicidade e do risco raramente relatado de desencadear GAE2. Entretanto, as tetraciclinas mostraram excelentes resultados, com resposta completa nas formas limitadas3,4 e generalizadas5 envolvendo a pele exposta e não exposta ao sol, sem efeitos colaterais. A tabela 1 resume as principais características do presente paciente e dos três casos publicados anteriormente de GAE tratados com tetraciclinas.3–5

Tabela 1.

Visão geral dos casos publicados de GAE tratados com tetraciclinas

Artigo  Casos  Idade  Sexo  Comorbidades  Padrão e localização  Tratamentos anteriores  Tetraciclina e dose  Desfecho 
Nanbu et al. (2015)3  46  Masculino  Nenhuma  Placa anular solitária na têmpora  Corticosteroide tópico  Minociclina 200 mg/dia e 100 mg/dia  Resolução após 11 semanas 
Kabuto et al. (2017)5  80  Masculino  Diabetes mellitus  Placas anulares na parte posterior do pescoço, região dorsal, tórax, parte superior dos braços, pulsos, dorso das mãos e coxas  Tacrolimus tópico, corticosteroide tópico e tranilast oral  Minociclina 200 mg/dia e 100 mg/dia  Resolução após seis meses 
Jeha et al. (2020)4  67  Masculino  Doença renal crônica, diabetes mellitus e doença arterial coronariana  Placas anulares na região ventral dos antebraços e proximal das coxas  Corticosteroides tópicos e intralesionais  Doxiciclina 200 mg/dia  Resolução após seis meses 
Presente caso  88  Masculino  Hipertensão  Placas anulares em toda a região dorsal, ombros, região cervical posterior e parte superior do tórax  Nenhum  Doxiciclina 100 mg/dia  Resolução após cinco meses 

Em conclusão, as tetraciclinas devem ser consideradas tratamento seguro de primeira linha para pacientes com GAE extenso ou generalizado ou opção de segunda linha para formas localizadas que não respondem aos tratamentos tópicos convencionais.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Marín‐Piñero D: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Sola‐Casas MA: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Perez‐Muñoz N: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
E. Gutiérrez-González, M. Pereiro Jr., J. Toribio.
Elastolytic actinic giant cell granuloma.
Dermatol Clin., 33 (2015), pp. 331-341
[2]
D.S. Lim, J. Triscott.
O’Brien's actinic granuloma in association with prolonged doxycycline phototoxicity.
Australas J Dermatol., 44 (2003), pp. 67-70
[3]
A. Nanbu, K. Sugiura, M. Kono, Y. Muro, M. Akiyama.
Annular elastolytic giant cell granuloma successfully treated with minocycline hydrochloride.
Acta Derm Venereol., 95 (2015), pp. 756-757
[4]
G.M. Jeha, K.O. Luckett, L. Kole.
Actinic granuloma responding to doxycycline.
JAAD Case Rep., 14 (2020), pp. 1132-1134
[5]
M. Kabuto, N. Fujimoto, T. Tanaka.
Generalized annular elastolytic giant cell granuloma successfully treated with the long‐term use of minocycline hydrochloride.
Eur J Dermatol., 27 (2017), pp. 178-179

Como citar este artigo: Marín‐Piñero D, Sola‐Casas MÁ, Perez‐Muñoz N. Complete resolution of generalized annular elastolytic giant cell granuloma with doxycycline. An Bras Dermatol. 2024;99:150–3.

Trabalho realizado no Hospital Universitari Sagrat Cor, Barcelona, Espanha.

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