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Vol. 99. Núm. 4.
Páginas 635-637 (1 julho 2024)
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Vol. 99. Núm. 4.
Páginas 635-637 (1 julho 2024)
Cartas ‐ Terapia
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Minoxidil oral em baixa dose para alopecia persistente após quimioterapia e radioterapia em paciente pediátrica
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Raíssa Rodriguez Meloa,
Autor para correspondência
rodriguezraissaa@gmail.com

Autor para correspondência.
, Rita Fernanda Cortez de Almeidaa, Luciana Rodino Lemesa, Sidney Frattini Juniorb, Paulo Müller Ramosc, Daniel Fernandes Meloa
a Departamento de Dermatologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b The Mole Clinic, Consultório particular, Ancaster, Ontario, Canadá
c Departamento de Dermatologia e Radioterapia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil
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Prezado Editor,

Quimioterapia citotóxica, terapia molecularmente direcionada, imunoterapia, radioterapia, transplante de células‐tronco e terapias endócrinas podem levar a alterações dos cabelos que, na maioria dos casos, são reversíveis.1,2 Entretanto, alopecia persistente induzida por quimioterapia (pCIA, do inglês persistent chemotherapy‐induced alopecia) e alopecia persistente induzida por radioterapia (pRIA, do inglês persistent radiotherapy‐induced alopecia) podem ocorrer.1,2 Elas são definidas como crescimento incompleto do cabelo mais de seis meses após a conclusão do tratamento,2 e dependem do tipo, duração e dose do tratamento oncológico.1 O presente artigo relata o caso de paciente pediátrica com pCIA e pRIA que apresentou crescimento significativo do cabelo utilizando minoxidil oral em baixa dose (MOBD).

Paciente feminina, de 4 anos, foi diagnosticada com tumor teratoide rabdoide atípico (TTRA) no cerebelo. Foi iniciada quimioterapia com protocolo Dana‐Farber com vincristina, cisplatina, doxorrubicina, ciclofosfamida, etoposídeo, temozolomida e actinomicina D por 18 meses. Além disso, a paciente foi submetida a dez sessões de quimioterapia intratecal com citarabina e dexametasona, seguida de radioterapia de crânio e neuroeixo e craniotomia occipital com ressecção parcial do tumor. Felizmente, a paciente obteve remissão oncológica, mas evoluiu com pCIA e pRIA. Aos 9 anos, a alopecia tornou‐se preocupação cosmética, então minoxidil tópico a 5% foi tentado uma vez ao dia durante seis meses, sem resposta clínica. Aos 14 anos, foi iniciado MOBD 0,5mg/dia, com alguma melhora na densidade dos cabelos após seis meses. Essa dose foi aumentada para 1mg/dia por mais seis meses, com notável resposta clínica e tricoscópica e sem efeitos colaterais relatados (figs. 1‐2).

Figura 1.

(A) Fotografia clínica de paciente pediátrica com pRIA e pCIA antes do tratamento, mostrando alopecia difusa com cabelos finos. (B) Imagem clínica da mesma paciente após um ano de tratamento com MOBD mostrando melhora da densidade dos cabelos.

(0,31MB).
Figura 2.

(A) Imagem de tricoscopia mostrando baixa densidade capilar com predomínio de fios finos antes do tratamento com MOBD. (B) Imagem de tricoscopia do mesmo local, mostrando melhora significante na densidade dos cabelos e predomínio de fios mais espessos após um ano de tratamento com MOBD.

(0,5MB).

A pCIA foi relatada em 14% dos sobreviventes de câncer pediátrico.1 A queda aguda de cabelos durante a quimioterapia ocorre em virtude da ação citotóxica no folículo piloso, interrompendo a mitose e perturbando o ciclo do cabelo. Os mecanismos exatos que levam a pCIA e pRIA não são claros, mas podem estar relacionados a danos às células‐tronco foliculares e sinalização alterada com falha na restauração de um novo ciclo.2,3 A associação de quimioterapia e radioterapia aumenta os riscos de alopecia persistente.2

Bussulfano, ciclofosfamida, antraciclina, carboplatina, docetaxel, paclitaxel e etoposídeo são os agentes mais comumente associados à pCIA. Clinicamente, a pCIA pode apresentar‐se semelhante à alopecia androgenética, com padrão difuso ou irregular ou alopecia total. A histopatologia geralmente mostra alopecia não cicatricial com densidade capilar reduzida e miniaturização.3

O minoxidil oral é vasodilatador arterial introduzido inicialmente como medicamento anti‐hipertensivo.4,5 Na dermatologia, o MOBD (0,25‐5mg/dia) tem sido cada vez mais utilizado para alopecia androgenética, alopecia areata, alopecia por tração e, mais recentemente, pCIA.4,5 Para pRIA na população pediátrica, o uso de MOBD ainda não foi relatado. Um estudo retrospectivo com 63 pacientes pediátricos tratados com MOBD para diferentes tipos de queda de cabelo não mostrou efeitos adversos graves.5

A pCIA e a pRIA podem causar sofrimento significativo, impactando o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes. É particularmente desafiador quando ocorrem simultaneamente. Os autores apresentam um caso de pCIA e pRIA associadas tratadas com sucesso com MOBD. Apesar dos poucos relatos na literatura sobre esse medicamento na faixa etária pediátrica para condições persistentes de queda de cabelos, o tratamento com MOBD parece ser seguro e eficaz e deve ser considerado pelos dermatologistas.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Raíssa Rodriguez Melo: Elaboração do rascunho; redação do manuscrito e aprovação da versão final a ser publicada.

Rita Fernanda Cortez de Almeida: Planejamento do estudo; redação do manuscrito e aprovação da versão final a ser publicada.

Luciana Rodino Lemes: Planejamento do estudo; redação do manuscrito e aprovação da versão final a ser publicada.

Sidney Frattini Junior: Elaboração do rascunho, revisão do texto e aprovação da versão final a ser publicada.

Paulo Muller Ramos: Planejamento do estudo; revisão crítica do manuscrito e aprovação da versão final a ser publicada.

Daniel Fernandes Melo: Concepção do estudo; revisão crítica do manuscrito e aprovação da versão final a ser publicada.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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A. Freites-Martinez, J. Shapiro, S. Goldfarb, J. Nangia, J.J. Jimenez, R. Paus, et al.
Hair disorders in patients with cancer.
J Am Acad Dermatol., 80 (2019), pp. 1179-1196
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S. Kessler, A. Marzooq, A. Sood, K. Beebe, A. Walsh, L. Montoya, et al.
Alopecia in children undergoing chemotherapy, radiation, and hematopoietic stem cell transplantation: scoping review and approach to management.
Pediatr Dermatol., 39 (2022), pp. 354-362
[3]
B. Bhoyrul, L. Asfour, G. Lutz, L. Mitchell, R. Jerjen, R.D. Sinclair, et al.
Clinicopathologic characteristics and response to treatment of persistent chemotherapy‐induced alopecia in breast cancer survivors.
JAMA Dermatol., 157 (2021), pp. 1335-1342
[4]
A. Lyakhovitsky, O. Segal, A. Maly, A. Zlotogorski, A. Barzilai.
Permanent chemotherapy‐induced alopecia after hematopoietic stem cell transplantation treated with low‐dose oral minoxidil.
JAAD Case Rep., 22 (2022), pp. 64-67
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J.M. John, R.D. Sinclair.
Systemic minoxidil for hair disorders in pediatric patients: a safety and tolerability review.
Int J Dermatol., 62 (2023), pp. 257-259

Como citar este artigo: Melo RR, Cortez de Almeida RF, Lemes LR, Frattini S, Müller Ramos P, Melo DF. Low‐dose oral minoxidil for persistent chemotherapy and radiotherapy‐induced alopecia in a pediatric female patient. An Bras Dermatol. 2024;99:642–4.

Trabalho realizado no Hospital Pedro Ernesto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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