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Vol. 98. Núm. 4.
Páginas 548-550 (1 julho 2023)
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Vol. 98. Núm. 4.
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Cartas ‐ Caso clínico
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Formação de queloide após perfuração da orelha através da zona de transição
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Ozge Zorlua,
Autor para correspondência
zorluzg@gmail.com

Autor para correspondência.
, Serkan Yazicia, Şaduman Balaban Adımb
a Departamento de Dermatologia e Venereologia, Bursa Uludag University School of Medicine, Bursa, Turquia
b Departamento de Patologia, Bursa Uludag University School of Medicine, Bursa, Turquia
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Tabela 1. Características clínicas dos pacientes
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Prezado Editor,

A perfuração da orelha (piercing) é um dos principais fatores de risco para a formação de queloide. A maioria das perfurações é realizada apenas através do tecido mole do lóbulo da orelha (zona 1). Além disso, pode ser realizado através da cartilagem da orelha (zona 2) ou na zona de transição (zona 3) entre a cartilagem da orelha e o lóbulo da orelha.1 A incidência de complicações decorrentes da perfuração transcartilaginosa é de aproximadamente 35% em razão da natureza avascular da cartilagem auricular.1

Não há estudos sobre queloides na zona de transição na literatura. A hipótese dos autores é que a perfuração da orelha através da zona de transição deve ser avaliada como se fosse através da zona da cartilagem.

Os autores apresentam aqui três casos de formação de queloide após perfuração da orelha através da zona de transição. Nenhum dos pacientes descritos aqui tinha história pessoal ou familiar de formação de queloide ou cicatriz hipertrófica. O diagnóstico foi confirmado pelo exame histopatológico em todos os pacientes. As características clínicas dos pacientes são apresentadas na tabela 1. O paciente 1 tinha um total de quatro perfurações, duas no lóbulo da orelha direita, uma no lóbulo da orelha esquerda e uma na zona de transição da orelha direita. O paciente 2 tinha um total de cinco perfurações, duas no lóbulo da orelha direita, duas no lóbulo da orelha esquerda e uma na zona de transição da orelha direita. Todas as perfurações foram realizadas simultaneamente em ambos os pacientes. No entanto, não foi observada formação de queloide nos pontos de perfuração do lóbulo da orelha, onde não havia perfuração transcartilaginosa (fig. 1). O paciente 3 tinha apenas uma perfuração, na zona de transição da orelha direita (fig. 2). Foi realizada uma combinação de corticosteroide intralesional administrado a uma dose de 40mg/mL em intervalos de três a quatro semanas por 16 semanas e criocirurgia. Não foi observada recorrência precoce em nenhum dos pacientes durante o primeiro ano de seguimento.

Tabela 1.

Características clínicas dos pacientes

Paciente no  Sexo  Idade na perfuração do pavilhão auricular (anos)  Tempo entre a perfuração e a formação do queloide  Localização do queloide  Outras complicações causadas pela perfuração 
17  <1 a  D, P, zona 3  Nenhuma 
20  <1 a  D, AP, zona 3  Nenhuma 
34  <1 a  D, A, zona 3  Nenhuma 

F, feminino; M, masculino; a, ano; D, direito; P, posterior; A, anterior; AP; anteroposterior.

Figura 1.

Formação de queloide após perfuração na zona de transição no paciente 1 (A) e no paciente 2 (B). Não há formação de queloide nos pontos de perfuração do lóbulo da orelha em ambos os pacientes.

(0.3MB).
Figura 2.

Formação de queloide após perfuração através da zona de transição no paciente 3.

(0.17MB).

O material da joia utilizada, a parte posterior do brinco, o tipo de procedimento de perfuração e as complicações relacionadas à perfuração no momento do procedimento podem contribuir para a formação de queloide.2 Nenhum dos pacientes descritos neste estudo apresentou complicações relacionadas à perfuração no momento do procedimento. Nesses casos, a formação de queloide foi mais provavelmente associada à lesão da cartilagem.

Atualmente, a regulação positiva da proteína da matriz oligomérica da cartilagem (COMP), uma glicoproteína da matriz extracelular não colagenosa, já foi demonstrada no tecido queloidiano, sugerindo que a COMP facilita a formação do queloide acelerando a deposição de colágeno.3 Além disso, foi relatado que múltiplas exostoses hereditárias, caracterizadas pelo desenvolvimento de múltiplas massas osteocartilaginosas benignas, foram consideradas fator de risco para a formação de queloides após a excisão cirúrgica de osteocondromas, representando outra associação de queloides e condrócitos.4

Foi relatado que não há diferença em relação às complicações relacionadas à perfuração comparando o lóbulo da orelha com a porção cartilaginosa do pavilhão auricular.1,5 Esse resultado pode ser atribuído ao fato de que a perfuração no lóbulo da orelha é realizada com mais frequência do que a perfuração na cartilagem ou na zona de transição.

Avaliar perfurações no pavilhão auricular através da zona de transição como se fossem através da zona da cartilagem pode ser mais apropriado. A zona de transição e a cartilagem do pavilhão auricular devem ser evitadas durante a perfuração para prevenir o desenvolvimento de queloides.

Suporte financeiro

Esta pesquisa não recebeu nenhum subsídio específico de agências de fomento nos setores público, comercial ou sem fins lucrativos.

Contribuição dos autores

Todos os autores (Zorlu O, Yazici S e Adım ŞB) estiveram envolvidos de forma ativa na concepção e planejamento do estudo, revisão crítica da literatura, obtenção, análise e interpretação dos dados, orientação da pesquisa, elaboração e redação do manuscrito e revisão do manuscrito. Todos os autores leram e aprovaram a versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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T.C. Simplot, H.T. Hoffman.
Comparison between cartilage and soft tissue ear piercing complications.
Am J Otolaryngol., 19 (1998), pp. 305-310
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B. Hochman, F.C. Isoldi, T.S. Silveira, G.C. Borba, L.M. Ferreira.
Does ear keloid formation depend on the type of earrings or piercing jewellery?.
Australas J Dermatol., 56 (2015), pp. e77-e79
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S. Inui, F. Shono, T. Nakajima, K. Hosokawa, S. Itami.
Identification and characterization of cartilage oligomeric matrix protein as a novel pathogenic factor in keloids.
Am J Pathol., 179 (2011), pp. 1951-1960
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H. Hosalkar, J. Greenberg, R.L. Gaugler, S. Garg, J.P. Dormans.
Abnormal scarring with keloid formation after osteochondroma excision in children with multiple hereditary exostoses.
J Pediatr Orthop., 27 (2007), pp. 333-337
[5]
M. Fijałkowska, A. Kasielska, B. Antoszewski.
Variety of complications after auricle piercing.
Int J Dermatol., 53 (2014), pp. 952-955

Como citar este artigo: Zorlu O, Yazici S, Balaban Adım Ş. Keloid formation following ear piercing through the transitional zone. An Bras Dermatol. 2023;98:548–50.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia e Venereologia, Bursa Uludag University School of Medicine, Bursa, Turquia.

Copyright © 2023. Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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