Compartilhar
Informação da revista
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Cartas ‐ Caso clínico
Acesso de texto completo
Disponível online em 18 de novembro de 2024
Penfigoide bolhoso simulando necrólise epidérmica tóxica
Visitas
45
Hiram Larangeira de Almeida Jr.a,b,
Autor para correspondência
hiramalmeidajr@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Rodrigo Piltcher da Silvac, Valéria Magalhães Jorged
a Programa de Pós‐Graduação em Saúde e Comportamento, Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
b Departmento de Dermatologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
c Programa de Pós‐Graduação em Medicina: Ciências Cirúrgicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
d Departamento de Cirurgia Geral, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
Este item recebeu
Recebido 18 Fevereiro 2024. Aceite 27 Março 2024
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (4)
Mostrar maisMostrar menos
Texto Completo
Prezado Editor,

O penfigoide bolhoso (PB) é afecção bem conhecida, desencadeada por autoanticorpos dirigidos contra proteínas hemidesmossômicas envolvidas na aderência do queratinócito basal à membrana basal. Seu diagnóstico é estabelecido por bolha subepidérmica, com infiltrado rico em eosinófilos e identificação de anticorpos contra a zona da membrana basal (ZMB).1

Inúmeras variantes são reconhecidas além do quadro clássico com bolhas tensas disseminadas, como quadros prurigoides, eritrodérmicos, urticariformes e também simulando necrólise epidérmica tóxica (NET).1 A forma urticariforme é a mais frequente dentre as formas não bolhosas.2

Examinamos paciente negra de 52 anos de idade, sem comorbidades, a qual uma semana após utilizar prednisona, ceftriaxona e pantoprazol para faringite, começou a apresentar eritema difuso com descamação por todo o tegumento (fig. 1A). Foi feita a hipótese clínica de farmacodermia. Dadas a disseminação e a intensidade do quadro, foi prescrita metilprednisolona 500mg, endovenoso (EV), durante cinco dias. Após o corticoide EV, foi mantida prednisona 60mg oral. Após a medicação EV, começaram a surgir pequenas bolhas (fig. 1B), sem acometimento mucoso com eosinofilia discreta. No décimo dia começou a haver desprendimento epidérmico, lembrando NET (figura 1C–D), com piora da eosinofilia (chegando a 3.700 eosinófilos/mm3).

Figura 1.

(A) Eritema difuso e descamação no início do quadro. (B) Diminuição do eritema com algumas bolhas. (C‐D) Desnudamento de grandes áreas lembrando NET.

(0.35MB).

Como a paciente apresentasse febre, iniciou‐se ciprofloxacina EV e diminuiu‐se a prednisona para 40mg, o que levou ao aparecimento de algumas bolhas novas. Foi então biopsiada uma bolha, que mostrou clivagem subepidérmica, sem necrose epitelial e acentuado infiltrado eosinofílico na derme e no interior da bolha (fig. 2). A imuno‐histoquímica demonstrou depósito de IgG no assoalho e teto da bolha (fig. 3). A imunofluorescência indireta demonstrou positividade linear de IgG na ZMB. Nos dez dias seguintes, houve piora do desnudamento da pele. No vigésimo dia havia áreas de reepitelização, erosões das bolhas e bolhas novas concomitantemente (fig. 4A). Com a dose de 40mg, houve controle do quadro após quatro semanas (fig. 4B). A eosinofilia persistiu e a paciente relatava prurido acentuado, mesmo com as lesões sob controle.

Figura 2.

(A) Bolha subepidérmica, sem necrose epitelial. (B) Eosinófilos na derme (setas). (C) Eosinófilos dentro da bolha (setas).

(0.29MB).
Figura 3.

Imuno‐histoquímica com anticorpo anti‐IgG com positividade no assoalho e no teto da bolha (setas).

(0.18MB).
Figura 4.

(A) Áreas hipocrômicas reepitelizadas, erosões decorrentes da primeira piora e bolhas novas. (B) Reepitelização quase completa das lesões.

(0.19MB).

A simulação de NET por PB é conhecida e rara,3,4 e o diagnóstico pode ser difícil na fase inicial da doença.5 Há também relato de caso desencadeado por imunoterapia para neoplasia sólida.6 É provável que a produção intensa de anticorpos contra as proteínas hemi‐desmossômicas leve ao desprendimento da epiderme, mas sem necrose epitelial como na NET. Outras doenças autoimunes que agridem a junção dermoepidérmica também podem simular NET.7

A eosinofilia periférica, como no caso descrito, ocorre em 50% dos casos8 de PB e a eosinofilia tecidual é critério para seu diagnóstico. Sua intensidade correlaciona com a gravidade do quadro.9

Este caso documenta variante rara de PB, bem como a dificuldade diagnóstica inicial.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Hiram Almeida Jr.: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; revisão crítica do manuscrito.

Rodrigo Piltcher da Silva: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica do manuscrito.

Valéria Jorge: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica do manuscrito.

Referências
[1]
D. Miyamoto, C.G. Santi, V. Aoki, C.W. Maruta.
Bullous pemphigoid.
An Bras Dermatol., 94 (2019), pp. 133-146
[2]
A. Moar, A. Azzolini, G. Tessari, D. Schena, G. Girolomoni.
Non‐bullous pemphigoid: a single‐center retrospective study.
Dermatology., 237 (2021), pp. 1039-1045
[3]
M. Shakhashiro, T.R. Bradley, S. Tobin.
Bullous pemphigoid in a centenarian male simulating toxic epidermal necrolysis.
Cureus., 15 (2023), pp. e45037
[4]
P. Sinha, L. Krishnan, A. Mahato, P. Dhiman, M.G. Madakshira, V. Sharma.
A rare case of Toxic Epidermal Necrolysis (TEN) like presentation of bullous pemphigoid with coexistent esophageal candidiasis in an elderly man.
Ind J Dermatopathol Diagn Dermatol., 10 (2023), pp. 39-41
[5]
Z. Nikyar, P. Hatami, Z. Aryanian, S. Sotoudeh, V. Ziaee, A. Goodarzi.
An unusual tEN‐like presentation of juvenile bullous pemphigoid: a diagnostic challenge.
Case Rep Dermatol Med., 2022 (2022), pp. 8507156
[6]
C. Qiu, A. Shevchenko, S. Hsu.
Bullous pemphigoid secondary to pembrolizumab mimicking toxic epidermal necrolysis.
JAAD Case Rep., 6 (2020), pp. 400-402
[7]
A. Abdelmouttalib, M. Meziane, K. Senouci.
Toxic epidermal necrolysis‐like acute cutaneous lupus erythematosus: two cases report.
Pan Afr Med J., 38 (2021), pp. 236
[8]
K. Kridin.
Peripheral eosinophilia in bullous pemphigoid: prevalence and influence on the clinical manifestation.
Br J Dermatol., 179 (2018), pp. 1141-1147
[9]
F. Farnaghi, A.H. Ehsani, K. Kamyab-Hesary, S. Abbasian, H. Seirafi, M. Nasimi.
Correlation of dermal and blood eosinophilia with bullous pemphigoid disease severity.
Int J Womens Dermatol., 6 (2020), pp. 171-175

Como citar este artigo: de Almeida Jr. HL, Piltcher da Silva R, Jorge VM. Bullous pemphigoid mimicking toxic epidermal necrosis. An Bras Dermatol. 2025;100. https://doi.org/10.1016/j.abd.2024.03.009.

Trabalho realizado na Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil e Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.

Baixar PDF
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.