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Vol. 96. Núm. 6.
Páginas 791-793 (1 novembro 2021)
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Páginas 791-793 (1 novembro 2021)
Carta ‐ Caso clínico
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Observação clínico‐dermoscópica e imunohistoquímica de máculas telangiectásicas bilaterais adquiridas associadas ao vírus da hepatite B em um homem chinês
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Zi‐Wei Zhang, Hao Wu, Ke‐Feng Tang, Yi‐Ming Fan
Autor para correspondência
ymfan1963@163.com

Autor para correspondência.
Departamento de Dermatologia, Affiliated Hospital of Guangdong Medical University, Zhanjiang, Guangdong, China
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Prezado Editor,

As máculas telangiectásicas bilaterais adquiridas (ABTM, do inglês acquired bilateral telangiectatic macules) foram relatadas pela primeira vez como máculas pigmentadas telangiectásicas principalmente na parte superior dos braços em pacientes coreanos com doença hepática crônica (DHC) subjacente.1–3 Até o momento, foram relatados 65 casos em indivíduos coreanos e um caso chinês.1–4 A dermoscopia foi útil para melhorar o diagnóstico clínico.1 Descrevemos as características clínico‐dermoscópicas e imuno‐histoquímicas da ABTM associada ao vírus da hepatite B em outro paciente chinês.

Um homem chinês de 48 anos apresentou máculas telangiectásicas assintomáticas que começaram no membro superior esquerdo havia dois anos e meio, que gradualmente se espalharam pelos membros superiores e pelo tronco. O paciente apresentava história de 30 anos de hepatite B, com enzimas hepáticas levemente anormais durante os últimos três anos. As enzimas hepáticas foram reduzidas, mas a telangiectasia permaneceu inalterada após o curso de um mês do composto oral glicirrizina e glucuronolactona, dois anos antes. Nenhum tratamento adicional foi administrado depois disso. O paciente negava história de tabagismo, etilismo, diabetes, hipertensão ou ataxia. Ao exame físico, múltiplas máculas telangiectásicas vermelho‐escuras irregulares, com sinal de Darier negativo, apresentavam‐se distribuídas principalmente no tórax e membros superiores (fig. 1A) e menos na face e na região dorsal superior. Não foram observados nevus araneus, eritema palmar, lesões em mucosas nem hepatoesplenomegalia. A dermoscopia revelou vasos tortuosos/arborizantes e pigmentação acastanhada difusa (fig. 1B). A contagem de leucócitos foi de 10,2 × 109/L com 90% de neutrófilos. A análise bioquímica mostrou níveis elevados de alanina (86,5 U/L) e aspartato aminotransferase (69,9 U/L), coagulação normal e níveis normais de glicose, lipídios, estradiol e testosterona. HBsAg, HBeAg e PreS1Ag foram positivos, o anticorpo antinuclear foi negativo.

Figura 1.

Características clínico‐dermoscópicas da ABTM. (A), Máculas eritematosas telangiectásicas no tórax e membros superiores bilaterais. (B), Dermoscopia revelando vasos tortuosos/arborizantes e pigmentação acastanhada difusa no tórax (30×).

(0.34MB).

O exame histológico revelou epiderme normal com hiperpigmentação basal, proliferação e dilatação de capilares com pequeno infiltrado linfo‐histiocitário perivascular na derme superior (fig. 2). A coloração pelo método de Giemsa e a imunomarcação com CD117 demonstraram presença de alguns mastócitos (fig. 3A). A imunomarcação com Melan‐A e S100 evidenciou melanócitos normais na epiderme (fig. 3B). O paciente foi diagnosticado com ABTM, e suas lesões permaneceram estáveis durante o seguimento de 16 meses sem tratamento específico.

Figura 2.

Histopatologia da ABTM. (A), Hiperpigmentação da camada basal da epiderme, proliferação e dilatação de capilares com pequeno infiltrado linfo‐histiocitário perivascular na derme superior (Hematoxilina & eosina, 100×). (B), Hiperpigmentação na camada basal da epiderme (Fontana‐Masson, 200×).

(0.34MB).
Figura 3.

Análise imuno‐histoquímica revelando mastócitos e melanócitos na ABTM. (A), Alguns mastócitos positivos para CD117 (setas) ao redor dos capilares dilatados na derme papilar (200×). (B), Melanócitos normais positivos para Melan‐A na epiderme (200×).

(0.27MB).

A ABTM, a telangiectasia nevoide bilateral adquirida (ABNT, do inglês acquired bilateral nevoid telangiectasia) e a telangiectasia macular multiplex adquirida (TMMA, do inglês telangiectasia macularis multiplex acquisita) são três tipos de telangiectasia bilateral adquirida (TBA) recentemente descritas na Coreia e na China. Os fatores causais incluem DHC, hipertensão, diabetes, tabagismo, mas a sua fisiopatologia permanece indefinida. Tanto a ABTM quanto a ABNT são muito frequentes na Coreia, enquanto a TMMA parece ser incomum na China. Elas frequentemente afetam homens de meia‐idade e costumam estar associadas a doenças subjacentes (especialmente DHC).1–5 Clinicamente, a ABTM apresenta dois componentes lesionais (pigmentação marrom e telangiectasias) principalmente na parte superior dos membros superiores. A ABNT se manifesta como telangiectasias superficiais na parte superior do corpo, e a TMMA se apresenta como coleções de vasos telangiectásicos sobrepostos a máculas eritematosas nos membros superiores e no tronco.1–5 Telangiectasias disseminadas ou o envolvimento do tronco podem apresentar associação com DHC.1,5 Na histopatologia, as principais características da ABTM, ABNT e TMMA são, respectivamente, telangiectasias dérmicas e hiperpigmentação epidérmica, telangiectasias dérmicas e epiderme normal e infiltração linfocítica perivascular de pequeno grau com ou sem telangiectasias.1–5 A ausência de telangiectasias dérmicas pode ser decorrente da vasoconstrição induzida pela epinefrina em anestésicos locais.5 Coletivamente, as características clinicopatológicas dessas três TBAs não foram bem definidas em razão dos pequenos grupos de pacientes, relativamente heterogêneos, e da semelhança clínica/morfológica entre as três doenças.1 Mesmo que haja algumas diferenças histopatológicas (pigmentação epidérmica, infiltrado linfocítico perivascular e telangiectasias dérmicas), elas são mínimas. Elas são difíceis de distinguir umas das outras na prática clínica por sua semelhança clínico‐patológica ou sobreposição. Em consonância com a opinião de Kim et al.,1 acreditamos que as três alterações correspondem a mesma condição patológica, e propomos o uso do termo em latim “telangiectasia macularis multiplex acquisita”. Além disso, a telangiectasia macularis eruptiva perstans (TMEP) é semelhante a essas condições, mas, histopatologicamente, a presença de um infiltrado de mastócitos pode diferenciá‐las.1

A dermoscopia revelou pigmentação marrom, vasos lineares irregulares e padrão de estrias angioides na ABTM, correspondendo a hiperpigmentação basal e as telangiectasias dérmicas, respectivamente. O padrão de estrias angioides foi definido como uma arteríola central com pequenos vasos superficiais irradiando‐se dela, talvez representando uma forma menor de nevus araneus.1 A gravidade e a prevalência do padrão de estrias angioides foram maiores em pacientes ABTM com DHC do que naqueles sem DHC, mas estava ausente no presente caso.1

Em conclusão, a dermoscopia é útil para observar a pigmentação e telangiectasias discretas na ABTM, mas o valor potencial do padrão de estrias angioides para a avaliação de DHC subjacente ainda precisa ser verificado. Não há evidências convincentes para criar vários nomes diferentes para TBAs.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Zi‐Wei Zhang: Concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito.

Hao Wu: Planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito.

Ke‐Feng Tang: Obtenção, análise e interpretação dos dados.

Yi‐Ming Fan: Concepção e planejamento do estudo, obtenção, análise e interpretação dos dados, revisão crítica do manuscrito e aprovação da versão final do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
G.W. Kim, K. Shin, T.W. Kim, H.S. You, H.J. Jin, W.H. Shim, et al.
The importance of dermoscopy for the diagnosis of acquired bilateral telangiectatic macules: the angioid streak pattern reveals underlying chronic liver disease.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 32 (2018), pp. 1597-1601
[2]
J.Y. Yang, S.M. Kim, Y.C. Kim.
Pulsed dye laser therapy in patients with acquired bilateral telangiectatic macules.
Eur J Dermatol., 28 (2018), pp. 99-100
[3]
J.H. Park, D.J. Lee, Y.J. Lee, Y.H. Jang, H.Y. Kang, Y.C. Kim.
Acquired bilateral telangiectatic macules: a distinct clinical entity.
JAMA Dermatol., 150 (2014), pp. 974-977
[4]
X. Yao, Y. Liu, Y. Xue, C. Tan, L. Chen, H. Si, et al.
The first report of acquired bilateral telangiectatic macules in China.
J Derm Venereol., 32 (2018), pp. 751-753
[5]
C.H. Chang, P.H. Lu, C.J. Kuo, C.H. Yang.
Telangiectasia macularis multiplex acquisita: a new entity in Chinese populations and an analysis of associated factors.
Int J Dermatol., 52 (2013), pp. 426-431

Como citar este artigo: Zhang Z‐W, Wu H, Tang K‐F, Fan Y‐M. Clinicodermoscopic and immunohistochemical observation of hepatitis B virus‐associated acquired bilateral telangiectatic macules in a Chinese man. An Bras Dermatol. 2021;96:791–3.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Affiliated Hospital of Guangdong Medical University, Zhanjiang, Guangdong, China.

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