O recente surgimento da dermatoscopia de alta ampliação, ou Super High Dermoscopy (SHD), permite aumentos de até 400 vezes, o que traz novos horizontes para a interpretação das imagens dermatoscópicas. Essa tecnologia está disponível com a luz não polarizada, e as imagens são obtidas utilizando o dispositivo Fotofinder Medicam 1000 (Fotofinder System, Bad Birnbach, Alemanha), substituindo a lente terminal convencional pela lente da dermatoscopia de super alta ampliação (SHD).
Para demonstrar a potencialidade do uso da SHD, relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 78 anos e fototipo de Fitzpatrick III, portadora de pápula acastanhada na região pré‐auricular esquerda com crescimento progressivo. A paciente foi fotografada utilizando a dermatoscopia convencional e a SHD com imersão em gel de ultrassom (figs. 1–3). Posteriormente, a paciente foi encaminhada para exérese do tumor e o material foi enviado para o exame histopatológico, com laudo compatível com carcinoma basocelular sólido pigmentado com componente adenoide.
A SHD torna possível a visualização de estruturas não perceptíveis por meio da dermatoscopia convencional.1 Na literatura, há relatos sobre o uso da SHD na identificação e diferenciação entre melanomas e nevos atípicos em lesões melanocíticas,2 assim como no diagnóstico diferencial entre lesões faciais benignas e lentigo maligno.3 No que se refere aos carcinomas basocelulares, estruturas irregulares pigmentadas, correspondentes a depósitos de melanócitos contendo melanina,4 vasos lineares com pontos e glóbulos periféricos,5 vasos com padrão semelhante a folhas de carvalho6 e vasos em loop4 já foram descritos exclusivamente por meio da SHD.
O caso apresentado ilustra a maior facilidade de identificação das estruturas dermatoscópicas observadas à SHD quando comparada à dermatoscopia convencional. Na figura 1, o exame dermatoscópico convencional (ampliação de 20×) possibilita a visualização de estruturas que podem eventualmente ser confundidas por examinadores menos experientes com glóbulos de lesões melanocíticas. As figuras 2 e 3 mostram as mesmas estruturas observadas à SHD (ampliação de 180 e 400×, respectivamente). Nota‐se claramente que se trata de glóbulos cinza azulados, estruturas características dos carcinomas basocelulares. Também é observada mais facilmente à SHD a característica morfológica das telangiectasias, com foco e apresentando os característicos pontos periféricos já descritos à SHD.5 Na figura 4, a título de comparação, mostramos em um nevo intradérmico estruturas com tendência a arranjo anular (glóbulo), correspondentes aos ninhos formados pela união de células névicas.
A nomenclatura e a descrição das diferentes estruturas observadas à SHD ainda não estão padronizadas, e o emprego dessa técnica ainda se encontra em fase experimental. Não se trata de um substituto para a dermatoscopia convencional, mas de uma nova ferramenta capaz de auxiliar nos diagnósticos por meio de informações adicionais.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresIzadora Moreira do Amaral: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; revisão crítica da literatura; aprovação final da versão final do manuscrito.
Elisa Scandiuzzi Maciel: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; aprovação final da versão final do manuscrito.
Daniela Surjan Milheti: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; aprovação final da versão final do manuscrito.
Camila Arai Seque: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; aprovação final da versão final do manuscrito.
Milvia Maria Simões e Silva Enokihara: Obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; aprovação final da versão final do manuscrito.
Sérgio Henrique Hirata: Obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual importante; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; aprovação final da versão final do manuscrito.
Conflito de interessesNenhum.
Como citar este artigo: Amaral IM, Maciel ES, Milheti DS, Seque CA, Enokihara MMSS, Hirata SH. Optical super‐high magnification dermoscopy versus standard dermoscopy in basal cell carcinoma. An Bras Dermatol. 2025;100:501152.
Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.