Embora os dermatofibromas não sejam nódulos dérmicos benignos incomuns, as regiões palmares raramente são afetadas. Aqui, descreve‐se caso raro de dermatofibroma palmar, observado em paciente com poroceratose.
Dermatofibromas (DFs) são nódulos dérmicos benignos comuns que ocorrem frequentemente nas extremidades, ombros e regiões glúteas de mulheres de meia‐idade. Os DFs raramente ocorrem nos dedos;1 entretanto, o envolvimento palmar é extremamente raro.
Homem de 69 anos procurou a clínica queixando‐se de múltiplas placas acastanhadas no tronco, calcanhar e regiões glúteas (fig. 1). Ele apresentava diabetes mellitus, angina e hipertensão. A histopatologia da borda de uma placa mostrou hiperceratose leve e estreita coluna de corneócitos paraceratóticos (lamela cornoide), correspondendo às características da poroceratose. Ele estava em tratamento com pomada tópica de corticosteroide e etretinato (Tigason®; 10‐20mg/dia) havia cinco anos, mas sem melhora significativa suficiente. Durante a evolução, o paciente queixou‐se de nódulo com discreta sensibilidade na região palmar, que havia aparecido dois meses antes. O exame físico revelou nódulo firme, acastanhado, de 5mm na região palmar direita (fig. 2). O exame histopatológico revelou proliferação de fibroblastos na derme com discreta acantose da epiderme sobrejacente (fig. 3). Não foi observado padrão estoriforme, e os fibroblastos proliferados foram positivos para fator XIIIa e CD68, mas negativos para CD34.
Os DFs geralmente decorrem da proliferação de fibroblastos, como um processo reativo em resposta a alguns estímulos,2,3 e casos de DFs em dedos foram relatados.1 Em contraste, houve apenas alguns casos relatados de histiocitoma fibroso na região palmar.4,5 Embora o presente paciente tenha negado trauma anterior, seu hobby é escultura em madeira, para o qual ele frequentemente utiliza cinzéis com a mão dominante (direita). Portanto, é possível que o DF tenha sido desencadeado por estímulos mecânicos repetitivos. O paciente apresentava múltiplas placas poroceratóticas na região glútea, tendão de Aquiles e tronco, de coloração castanha e bem circunscritas, com bordas levemente elevadas, mas sem verrucosidade ou hiperceratose. As lesões poroceratóticas foram tratadas com etretinato oral e corticosteroide tópico por cinco anos. Efeitos pró‐fibróticos do etretinato, como o aumento do acúmulo de colágeno e redução da metaloproteinase 1da matriz, foram relatados.6 Entretanto, no presente caso, o DF ocorreu de maneira solitária, não havendo relatos de múltiplos DFs em pacientes submetidos à terapia com etretinato. Portanto, os autores acreditam que o DF ocorreu independentemente do tratamento oral com etretinato. Por fim, não há relatos da coexistência de poroceratose e dermatofibroma, e a coexistência de ambos no presente caso pode ser coincidência.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição do autorToshiyuki Yamamoto: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica; manejo dos casos estudados; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; concepção e planejamento do estudo.
Conflito de interessesNenhum.