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Vol. 98. Núm. 3.
Páginas 376-378 (1 maio 2023)
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Cartas ‐ Investigação
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Associação do polimorfismo −160C/A do gene CDH1da e‐caderina com suscetibilidade para desenvolver vitiligo
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David Emmanuel Kubelis‐Lópeza, Natalia Aranza Zapata‐Salazara, Mauricio Andrés Salinas‐Santanderb, Celia Nohemí Sánchez‐Domínguezc, Jesús Antonio Morlett‐Chávezb, Jorge Ocampo‐Candiania,
Autor para correspondência
jocampo2000@yahoo.com.mx

Autor para correspondência.
a Departamento de Dermatologia, Hospital Universitario “Dr. José Eleuterio González”, Universidad Autónoma de Nuevo León, Monterrey, Nuevo León, México
b Departamento de Pesquisa, Faculdade de Medicina Saltillo Unit, Universidad Autónoma de Coahuila, Saltilllo, Coahuila, México
c Departamento de Bioquímica e Medicina Molecular, Faculdade de Medicina “Dr. José Eleuterio González”, Universidad Autónoma de Nuevo León, Monterrey, Nuevo León, México
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Tabelas (3)
Tabela 1. Características demográficas de casos e controles
Tabela 2. Frequência de genótipo CDH1 rs5030625
Tabela 3. Frequência de genótipos CDH1 rs16260
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Prezado Editor,

O vitiligo é a despigmentação adquirida mais frequente, caracterizada por manchas acrômicas decorrentes da perda de melanócitos.1,2 Sua patogênese não é completamente compreendida e acredita‐se que seja multifatorial.3 A teoria da melanocitorragia é baseada na observação de que a fricção mecânica leva ao descolamento dos melanócitos e à perda transepidérmica, sugerindo que uma adesão deficitária dos melanócitos possa ser o primeiro passo no desenvolvimento do vitiligo.2,4,5 A e‐caderina é dependente da proteína transmembrana Ca2+ e molécula de adesão chave responsável pela mediação das interações melanócito‐queratinócito.3 Os queratinócitos em lesões de vitiligo têm expressão mais fraca de e‐caderina e receptor do domínio discoidina 1 (DDR1), outra molécula de adesão célula‐célula.4 Também é observada distribuição anormal de e‐caderina na pele normal de pacientes com vitiligo, reforçando a teoria da adesão.4 Há poucas informações sobre polimorfismos do gene CDH1 da e-caderina no vitiligo; oito polimorfismos foram estudados anteriormente e apenas o polimorfismo rs10431924 mostrou associação com vitiligo.2 Tarlé et al. observaram associação positiva do alelo T do polimorfismo rs10431924 e vitiligo, particularmente quando acompanhado de comorbidades autoimunes em uma população brasileira.2 Enquanto isso, Almasi‐Nasrabadi et al. revelaram associação entre o genótipo CC de rs10431924 e o vitiligo em uma população iraniana.1

O presente estudo de caso‐controle foi conduzido com o objetivo de investigar a associação entre dois polimorfismos de nucleotídeo único (SNP, single nucleotide polymorphism) do gene CDH1 e a suscetibilidade para desenvolver vitiligo em uma população mexicana: −347 G→GA (rs5030625) e −160 C/A (rs16260). Ambos os SNPs estudados estão na região promotora do gene CDH1, o que significa que esses polimorfismos podem levar à super‐ ou sub‐expressão da e‐caderina e, portanto, podem ter correlação com a patogênese do vitiligo.6,7 Pacientes com diagnóstico clínico de vitiligo e controles saudáveis sem história familiar de vitiligo foram recrutados no Departamento de Dermatologia do Hospital Universitario “Dr. José Eleuterio González” em Monterrey, México. Uma amostra de sangue venoso foi obtida de todos os indivíduos para isolamento de DNA genômico utilizando o método salting‐out com concentração final de DNA de 0,1‐1,0μg/μL. A frequência alélica dos polimorfismos de CDH1 rs5030625 e rs16260 foi caracterizada por análise de polimorfismo de fragmentos de restrição utilizando a reação em cadeia da polimerase (PCR ‐ RFLP), usando um termociclador MJ Mini PTC1148 (Bio‐Rad, Hercules; CA, EUA). Os primers para CDH1 rs5030625 (5’‐GCCCCGACTTGTCTCTCTAC‐3’ e 5’‐GGCCACAGCCAATCAGCA‐3’) e CDH1 rs16260 (5’‐TGATCCCAGGTCTTAGTGAG‐3’ e 5’‐AGTCTGAACTGACTTCCGCA‐3’) foram obtidos de IDT (Coralville; IA, EUA). De acordo com protocolos previamente publicados, as enzimas BanII e BstEII (New England Biolabs; MA, EUA) foram respectivamente utilizadas na análise de restrição.6,8 Todo o produto digerido foi analisado por eletroforese em gel de agarose a 2,5% corado com brometo de etídio e observados em transiluminador UVP modelo 2 de alto desempenho (Upland; CA, EUA).

O tamanho da amostra foi calculado considerando‐se a prevalência de vitiligo no México (4%) e um poder estatístico de 97,5% (Z=1,96), resultando em amostra mínima de 114 indivíduos.9 A análise estatística foi realizada com o software IBM SPSS Statistics for Windows versão 21.0 (IBM Corp; NY, EUA) e o software Epi InfoTM para Windows versão 7 (CDC, EUA). Um teste de equilíbrio de Hardy‐Weinberg foi obtido para os alelos utilizando testes de aderência (goodness‐of‐fit), enquanto a dependência genotípica entre pacientes e controles foi determinada com um teste Qui‐Quadrado. As razões de chance (odds ratios) foram calculadas a partir de tabelas de contingência 2 × 2. Um valor de p <0,05 foi considerado significante após a correção de Bonferroni.

Um total de 116 indivíduos com vitiligo (49 homens e 67 mulheres) e 121 controles (45 homens e 76 mulheres) foram recrutados. As características demográficas são apresentadas na tabela 1. O tipo de vitiligo mais frequente foi o generalizado (n=97; 83,6%). As frequências dos genótipos CDH1 rs5030625 dos casos e controles são apresentadas na tabela 2; o genótipo mais comum foi o GA/G (casos n=92; 79,3%; controles n=102; 84,3%), seguido do genótipo GA/GA (casos n=13; 11,2%; controles n=12; 9,9%) e finalmente o genótipo GG (casos n=11; 9,5%; controles n=7; 5,8%). Após a análise estatística, não foi observada associação entre os genótipos CDH1 rs5030625 e vitiligo (p=0,512). As frequências dos genótipos CDH1 rs16260 são mostradas na tabela 3. Nos indivíduos com vitiligo, o genótipo AA predominou (n=70; 60,4%) seguido pelo genótipo CA (n=39; 33,6%) e por último o genótipo CC (n=7; 6%). No grupo controle, o genótipo AA foi o mais frequente (n=54; 47,1%), seguido do genótipo CA (n=54; 44,6%) e o menos frequente foi o genótipo CC (n=10; 8,3%). A análise estatística não encontrou nenhuma associação entre os genótipos CDH1 rs16260 e vitiligo (p=0,124), mas a sub‐análise de um modelo genético comparando o genótipo AA aos genótipos CA/CC mostrou associação entre o risco de desenvolver vitiligo e o genótipo AA (p=0,041; OR=1,709; IC95% 1,020‐2,861; tabela 3).

Tabela 1.

Características demográficas de casos e controles

VariávelCasos (n=116),n (%)  Controles (n=121), n (%) 
SexoMasculino  49 (42,2%)  45 (37,2%) 
Feminino  67 (57,8%)  76 (62,8%) 
Idade (anos ‐ média ± desvio padrão)40,15±12,8  31,9±13,8 
VitiligoComum  97 (83,6%)  NA 
Acrofacial  6 (5,2%)  NA 
Mucoso  1 (0,9%)  NA 
Focal  12 (10,3%)  NA 
Tabela 2.

Frequência de genótipo CDH1 rs5030625

CDH1 rs5030625  Casos (n=116),n (%)  Controles (n=121), n (%)  χ2 
GG  11 (9,5%)  7 (5,8%)  1,339  0,512 
GA/G  92 (79,3%)  102 (84,3%)     
GA/GA  13 (11,2%)  12 (9,9%)     
Tabela 3.

Frequência de genótipos CDH1 rs16260

CDH1 rs16260  Casos (n=116), n (%)  Controles (n=121), n (%)  χ2 
AA  70 (60,4%)  57 (47,1%)  4,176  0,1247 
CA  39 (33,6%)  54 (44,6%)     
CC  7 (6%)  10 (8,3%)     
CDH1 rs16260  Casos (n=116), n (%)  Controles (n=121), n (%)  χ2  OR  IC95% 
AA  70 (60,3%)  57 (47,1%)  4,17  0,041  1,709  1,020‐2,861 
CA/CC  46 (39,7%)  64 (52,9%)  4,17  0,041  0,585  0,349‐0,980 

OR, odds ratio; IC, intervalo de confiança.

Este é o primeiro estudo dos polimorfismos CDH1 rs503062 e rs16260 no vitiligo; observou‐se associação entre o genótipo AA do CDH1 rs16260 e o risco de desenvolver vitiligo quando comparado aos genótipos CC/CA. Este estudo reforça o papel da e‐caderina no desenvolvimento do vitiligo. Mais estudos sobre o polimorfismo rs16260 do gene CDH1 são necessários para confirmar esses achados.

Ética

O presente estudo foi conduzido de acordo com a Declaração de Helsinque e foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa do University Hospital “Dr. José Eleuterio González” com registro DE20‐00013.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

David Emmanuel Kubelis‐López: Concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito.

Natalia Aranza Zapata‐Salazar: Concepção e planejamento do estudo; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito.

Mauricio Andrés Salinas‐Santander: Concepção e planejamento do estudo; orientação da pesquisa; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito.

Celia Nohemí Sánchez‐Domínguez: Concepção e planejamento do estudo; orientação da pesquisa; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito.

Jesús Antonio Morlett‐Chávez: Obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito.

Jorge Ocampo‐Candiani: Concepção e planejamento do estudo; Orientação da pesquisa; obtenção, análise e interpretação dos dados; redação do manuscrito; revisão crítica da literatura e aprovação da versão final do manuscrito

Conflito de interesses

Nenhum.

Agradecimentos

Agradecemos a Ana Cecilia Xolalpa Rosales e Marely Eugenia Gómez Galindo por todo seu apoio e trabalho.

Referências
[1]
M. Almasi-Nasrabadi, M.M. Amoli, R.M. Robati, F. Rajabi, F. Ghalamkarpour, Y. Gauthier.
CDH1 and DDR1 common variants confer risk to vitiligo and autoimmune comorbidities.
[2]
R.G. Tarle, C.C. Silva de Castro, L.M. do Nascimento, M.T. Mira.
Polymorphism of the E‐cadherin gene CDH1 is associated with susceptibility to vitiligo.
Experimental dermatology., 24 (2015), pp. 300-302
[3]
O.A. Bakry, M.M. Hagag, M.A. Kandil, W.A. Shehata.
Aquaporin 3 and E‐Cadherin Expression in Perilesional Vitiligo Skin.
Journal of clinical and diagnostic research: JCDR., 10 (2016), pp. WC01-WC6
[4]
R.Y. Wagner, F. Luciani, M. Cario-Andre, A. Rubod, V. Petit, L. Benzekri, et al.
Altered E‐Cadherin Levels and Distribution in Melanocytes Precede Clinical Manifestations of Vitiligo.
J Invest Dermatol., 135 (2015), pp. 1810-1819
[5]
C. Grill, L. Benzekri, A. Rubod, Z. Aktary, K. Ezzedine, A. Taieb, et al.
Epidermal melanocytes in segmental vitiligo show altered expression of E‐cadherin, but not P‐cadherin.
Br J Dermatol., 178 (2018), pp. 1204-1206
[6]
X.P. Zou, W.J. Dai, J. Cao.
CDH1 promoter polymorphism (‐347G-->GA) is a possible prognostic factor in sporadic colorectal cancer.
World J Gastroenterol., 15 (2009), pp. 5340-5345
[7]
Y. Wang, H. Yang, L. Li, H. Wang, C. Zhang, X. Xia.
E‐cadherin (CDH1) gene promoter polymorphism and the risk of colorectal cancer: a meta‐analysis.
Int J Colorectal Dis., 27 (2012), pp. 151-158
[8]
Y.C. Liu, C.Y. Shen, H.S. Wu, D.C. Chan, C.J. Chen, J.C. Yu, et al.
Helicobacter pylori infection in relation to E‐cadherin gene promoter polymorphism and hypermethylation in sporadic gastric carcinomas.
World J Gastroenterol., 11 (2005), pp. 5174-5179
[9]
O. Canizares.
Geographic dermatology: Mexico and Central America.
The influence of geographic factors on skin diseases. Arch Dermatol., 82 (1960), pp. 870-893

Como citar este artigo: Kubelis‐López DE, Zapata‐Salazar NA, Salinas‐Santander MA, Sánchez‐Domínguez CN, Morlett‐Chávez JA, Ocampo‐Candiani J. Association of e‐cadherin gene CDH1 polymorphism ‐160C/A with susceptibility to develop vitiligo. An Bras Dermatol. 2023;98:376–8.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, Hospital Universitario “Dr. José Eleuterio González” e Departamento de Bioquímica e Medicina Molecular, Faculdade de Medicina “Dr. José Eleuterio González”, Universidad Autónoma de Nuevo León, Monterrey, Nuevo León, México.

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