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Vol. 95. Issue 4.
Pages 531-533 (1 July 2020)
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Pages 531-533 (1 July 2020)
Carta – Investigação
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Fatores de risco para melanoma em uma população latino‐americana
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John Alexander Nova, Guillermo Sánchez‐Vanegas, Mauricio Gamboa, Sebastian Ramiro Gil‐Quiñones
Corresponding author
sebastian.gil@urosario.edu.co

Autor para correspondência.
Departamento de Ensino e Investigação em Câncer de Pele, Centro Dermatológico Federico Lleras Acosta, Bogotá, Colômbia
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Tables (3)
Tabela 1. Subtipos histopatológicos de melanoma nos casos estudados
Tabela 2. Diferenças entre as variáveis relacionadas à exposição ao sol e características fenotípicas nos pacientes com melanoma e nos controles
Tabela 3. Fatores de risco para o desenvolvimento de melanoma, segundo análise multivariada
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Prezado Editor,

O melanoma maligno (MM) é um tumor de pele associado a alta mortalidade em todo o mundo. A taxa de sobrevida em cinco anos é de 95% se o melanoma for detectado precocemente e de apenas 5% para o melanoma metastático.1 Na Colômbia, o registro nacional apontou um aumento da incidência de melanoma de quatro para seis casos por 100.000 pessoas em apenas quatro anos.2 Isso reforça a importância de se identificar os fatores de risco para o melanoma, especialmente nos países latino‐americanos, onde a distribuição dos subtipos histopatológicos de melanoma diverge dos relatos em outros países, o melanoma acral lentiginoso (MAL) é o subtipo de MM mais frequentemente observado.3 Embora uma possível associação com trauma tenha sido relatada, ela ainda não foi claramente demonstrada.4,5

Considerando o exposto, fez‐se um estudo de casos e controles entre 2010‐2014 na população atendida no Centro de Dermatologia Federico Lleras Acosta, um hospital de referência dermatológica em Bogotá, Colômbia. Foram coletados dados de pacientes com diagnóstico histopatológico de melanoma. Os controles foram aqueles pacientes internados no mesmo hospital por doença dermatológica não melanoma ou câncer de pele não melanoma. Todos os controles foram submetidos a um questionário e exame físico para garantir que não apresentassem melanoma nem lesões clinicamente sugestivas de melanoma. Os casos e controles foram pareados por idade com variação de aproximadamente cinco anos. Dois controles foram atribuídos para cada caso.

Foram estudadas variáveis sociodemográficas, histórico de trabalho ao ar livre e participação em esportes ao ar livre ao longo da vida, exposição a inseticidas, tabagismo, histórico de queimaduras solares e histórico familiar de câncer de pele. Também foram estudadas características fenotípicas individuais, inclusive fototipo de pele, cor dos olhos, cor dos cabelos e sinais de danos causados pelo sol.

O teste do qui‐quadrado, o t de Student e soma do ranking de Wilcoxon foram usados para análises estatísticas e foi feita uma análise multivariada com regressão logística condicional, com variáveis estatisticamente significativas, clinicamente relevantes e potencialmente confundidoras. Os dados foram analisados no software estatístico Stata.

Este estudo incluiu 243 participantes: 81 casos e 162 controles. A idade média foi de 64 anos. Na análise da idade por subtipo, a média entre os pacientes com lentigo maligno foi de 67 anos; entre os pacientes com MAL e melanoma nodular, 63 anos; e entre aqueles com melanoma extensivo superficial, 58 anos.

Dos participantes, 160 eram mulheres (66%) e 83 eram homens (34%). A proporção do sexo feminino foi de 68% (55/81) no grupo caso e de 65% (105/162) no grupo controle. A tabela 1 apresenta a classificação histopatológica dos tumores. O subtipo de melanoma mais comum foi MAL (32%), seguido por lentigo maligno (29%). Os melanomas estavam localizados principalmente nas bochechas (21/81; 26%), unhas (14/81; 26%), nariz (11/81; 13%) e solas dos pés (9/81; 11%).

Tabela 1.

Subtipos histopatológicos de melanoma nos casos estudados

Subtipo histológico  Casos (n=81)
 
Melanomas in situ     
Lentigo maligno  24  29,62 
Outros melanomas in situ  11,11 
Melanomas invasivos     
Melanoma acral lentiginoso  26  32,09 
Melanoma nodular  10  12,34 
Melanoma extensivo superficial  4,93 
Melanoma tipo lentigo maligno  4,93 
Melanoma não categorizado  4,93 

Quase 73% (59/81) dos casos concluíram o ensino médio, em comparação com 71% (115/162) dos controles, mas essa diferença não foi estatisticamente significativa (p=0,7 pelo teste do qui‐quadrado).

A tabela 2 apresenta os resultados da análise bivariada, indica que o trabalho ao ar livre durante o começo da vida adulta (15 a 30 anos) aumentou o risco de desenvolver melanoma em 1,9 vez. As ocupações mais frequentes entre casos e controles nesse período foram trabalho rural (54% vs. 67%), construção civil (5% vs. 4%) e vendas ao ar livre (11% vs. 14%). Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos.

Tabela 2.

Diferenças entre as variáveis relacionadas à exposição ao sol e características fenotípicas nos pacientes com melanoma e nos controles

Variável  CasosControlesvalor‐p (Chi2OR  IC 95% 
       
Trabalho ao ar livre entre os 15 e 30 anos de idade  37/81  46  49/162  30  0,01  1,93  1,07‐3,48 
Exposição a inseticidas  9/81  11  4/160  2,5  0,005  4,8  1,29‐22,23 
Esportes ao ar livre após os 30 anos  15/81  18  58/162  36  0,00  0,4  0,19‐0,80 
Mais de cinco queimaduras solares na vida  18/81  22  4/162  0,00  11,28  3,49‐47,13 
Mais de cinco queimaduras solares na infância (< 16 anos)  10/81  12  3/162  1,85  0,00  7,46  1,83‐43,08 
Mais de cinco queimaduras solares entre 15 e 30 anos  18/81  22  13/162  0,001  3,27  1,41‐7,70 
Mais de cinco queimaduras solares após os 30 anos de idade  10/80  12  4/162  0,00  5,64  1,55‐25,30 
Histórico pessoal de câncer de pele  3/80  0/162  0,03 
Olhos claros (verde, azul, ou mel)  67/81  83  73/162  45  0,00  5,83  2,93‐12,09 
Cabelos claros (loiros, ruivos ou castanhos)  47/81  58  38/162  23  0,00  4,51  2,44‐8,31 
Conjuntivite actínica  25/79  32  19/162  12  0,00  3,48  1,68‐7,24 
Comedões actínicos  2/79  19/162  12  0,01  0,19  0,02‐0,84 
Poiquilodermia de Civatte  47/79  59  41/162  25  0,00  4,33  2,35‐7,99 
Presença de muitas sardas  11/81  13  2/162  0,00  12,57  2,61‐118,3 
Inúmeros lentigos no rosto  10/81  12  6/162  0,01  3,66  1,14‐12,68 

Os sinais de danos crônicos causados pelo sol aumentaram o risco de desenvolver melanoma (tabela 2). Os fototipos 1 e 2 foram mais frequentes no grupo caso (41/81; 51%) do que no grupo controle (68/162; 42%); no entanto, essa diferença não foi estatisticamente significativa.

O histórico de exposição a inseticidas aumentou o risco de desenvolver melanoma em quatro vezes (OR=4,8; IC 95%: 1,29‐22,23). MAL foi observado em 36% (4/11) dos pacientes que relataram exposição a pesticidas. Não foram encontradas diferenças significativas entre os casos e controles nas demais variáveis estudadas, como tabagismo (35/81 vs. 72/162), uso de filtro solar (3/81 vs. 8/162) ou uso de camas de bronzeamento (0).

A tabela 3 apresenta os fatores de risco identificados após a análise multivariada: olhos azuis ou verdes, conjuntivite actínica, presença de numerosas sardas e histórico de 10 ou mais queimaduras solares ao longo da vida.

Tabela 3.

Fatores de risco para o desenvolvimento de melanoma, segundo análise multivariada

Variável  OR  IC 95% 
Olhos azuis ou verdes  4,62  0,00  2,24‐9,52 
Conjuntivite actínica  4,95  0,00  2,25‐10,91 
Presença de muitas sardas  11,35  0,00  2,00‐64,12 
Dez ou mais queimaduras solares ao longo da vida  8,34  0,00  2,49‐28,17 
LR Chi: 77,58       
Pseudo R2: 0,25       

Este estudo constatou que, embora os fototipos III e IV predominem em nosso país, características fenotípicas como cor do cabelo, olhos claros (verde, castanho claro ou azul), assim como a quantidade de sardas e histórico de queimaduras solares, apresentam maior risco de desenvolvimento de MM.

Consistentemente com estudos anteriores, MAL foi o subtipo de MM mais frequentemente observado nesta população. O presente achado da associação entre exposição a inseticidas e risco de melanoma poderia fortalecer o argumento de que esse é um elemento importante na explicação da fisiopatologia do MAL.

Suporte financeiro

Este estudo foi desenvolvido e financiado inteiramente pelo Centro de Dermatologia Federico Lleras Acosta.

Contribuição dos autores

John Alexander Nova: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Guillermo Sánchez-Vanegas: Análise estatística; aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Mauricio Gamboa: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Sebastian Ramiro Gil Quiñones: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
[1]
A.V. Giblin, J.M. Thomas.
Incidence, mortality and survival in cutaneous melanoma.
J Plast Reconstr Aesthet Surg., 60 (2007), pp. 32-40
[2]
G. Sánchez, N.J. de la Hoz, F.C. Castañeda.
Incidencia de cáncer de piel en Colombia, años 2003‐2007.
Piel., 26 (2011), pp. 7
[3]
F.V. Brandão, A.F. Pereira, B. Gontijo, F.V. Bittencourt.
Epidemiological aspects of melanoma at a university hospital dermatology center over a period of 20 years.
An Bras Dermatol., 88 (2013), pp. 344-353
[4]
H.J. Jung, S.S. Kweon, J.B. Lee, S.C. Lee, S.J. Yun.
A clinicopathologic analysis of 177 acral melanomas in Koreans: relevance of spreading pattern and physical stress.
JAMA Dermatol., 149 (2013), pp. 1281-1288
[5]
Y. Li, H. Chen, G. Chen, J. Liu, H. Zhu, B. Nugasur, et al.
Trauma could as a triggering factor for development of acral lentiginous melanoma: a clinicopathologic study of 56 cases.
Int J Clin Exp Pathol., 9 (2016), pp. 7800-7806

Como citar este artigo: Nova JA, Sánchez‐Vanegas G, Gamboa M, Gil‐Quiñones SR. Melanoma risk factors in a Latin American population. An Bras Dermatol. 2020;95:531–3.

Trabalho realizado no Centro Dermatológico Federico Lleras Acosta, Bogotá, Colômbia.

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