O cisto triquilemal é às vezes visto no couro cabeludo de adultos. Os autores descrevem aqui um caso raro de cisto triquilemal que surgiu na região frontal de uma criança.
Um menino de 9 anos chegou ao hospital queixando‐se de nódulo acima da sobrancelha esquerda que havia aumentado de tamanho no ano anterior. Ele não tinha histórico médico e ele e seus pais negaram quaisquer eventos desencadeantes anteriores, como trauma no local. O exame físico mostrou nódulo subcutâneo de cor normal da pele, medindo 7×5mm, com aspecto cupuliforme (fig. 1). O exame laboratorial foi normal, e o nódulo foi removido cirurgicamente sob anestesia local. O exame histopatológico revelou estrutura cística relativamente bem circunscrita, localizada no tecido subcutâneo (fig. 2A). O cisto estava preenchido por material amorfo acidofílico e estava revestido por células epiteliais, sem a formação de camada granulosa (fig. 2B). Cortes seriados do bloco de parafina mostraram cristais de colesterol e células gigantes tipo por corpo estranho dentro e ao redor do cisto (fig. 2C). Após a cirurgia, já se passaram 10 anos sem recidiva local.
(A) Histopatologia mostrando estrutura cística localizada no tecido subcutâneo (Hematoxilina & eosina, 20×). (B) Grande aumento mostra que as paredes do cisto exibem queratinização em direção ao lúmen, sem formação de camada granulosa (Hematoxilina & eosina, 200×). (C) Cristais de colesterol e células gigantes tipo por corpo estranho (Hematoxilina & eosina, 200×).
O caso foi diagnosticado como cisto triquilemal com base nas características histopatológicas de estrutura cística bem definida, revestida por células epiteliais apresentando queratinização triquilemal. Cristais e fendas de colesterol, que são frequentemente observados em cistos epidérmicos, foram observados no presente caso, mas essa característica histopatológica não é diagnóstica. A presença de granuloma tipo corpo estranho pode sugerir ruptura parcial anterior do cisto triquilemal. A parede do cisto não era adjacente às glândulas sebáceas, e folículos e hastes capilares não foram observados dentro ou ao redor do cisto. Além disso, o nódulo subcutâneo não existia ao nascimento e, portanto, cisto dermoide foi excluído. O cisto triquilemal é tumor anexial benigno que surge da bainha externa da raiz de um folículo piloso. Em geral, apresenta‐se como nódulo firme e assintomático, que às vezes pode ser levemente doloroso. É visto principalmente em áreas com folículos pilosos, principalmente no couro cabeludo. Mulheres de meia‐idade são mais comumente afetadas.1 O aparecimento de cisto triquilemal em uma criança do sexo masculino é raro. Que seja de conhecimento dos autores, apenas três casos de cisto triquilemal em pacientes com menos de 10 anos de idade foram relatados, incluindo o presente.2,3 Os achados clínicos desses casos são mostrados na tabela 1. A coxa, o pênis e a sobrancelha foram os sítios afetados, que são sítios raros. O paciente do presente caso é agora o mais jovem entre os casos japoneses relatados. Por outro lado, o caso mais jovem ocorreu em uma criança do sexo masculino de 5 anos de idade, que desenvolveu um cisto triquilemal no pênis após correção da hipospádia.3 Os autores especularam que o reparo da hipospádia distal desencadeou metaplasia escamosa com queratinização, levando ao desenvolvimento de um cisto triquilemal em área do corpo sem pelos.
Resumo dos casos relatados de cisto triquilemal pediátrico
Autores | Idade/Sexo | Local | Tamanho | Características clínicas | Cor |
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Imamura H, et al.2 | 10/masculino | Aspecto flexor da coxa | Cerca de 15×20 mm | Nódulo elástico, macio e não doloroso | Ligeiramente azul |
Madan S, Joshi R.3 | 5/masculino | Aspecto ventral do freio balanoprepucial | 15×16 mm | Massa mole, cística, de superfície lisa, elástica, não dolorosa e relativamente móvel | Não informada |
Presente caso | 9/masculino | Acima da sobrancelha | 7×5 mm | Nódulo subcutâneo ligeiramente cupuliforme, não doloroso | Ligeiramente vermelho |
No departamento dos autores, 25 casos, incluindo o presente, foram diagnosticados como cisto triquilemal nos últimos 10 anos. Apenas este caso foi pediátrico. Os pacientes eram 12 homens e 13 mulheres, e a média de idade era de 49 anos. Os sítios afetados mais frequentemente foram o couro cabeludo (n=16), seguido da face (7), abdome (1) e antebraço (1). Dentre as lesões faciais, duas foram observadas na sobrancelha, duas nas pálpebras superior e inferior, duas foram observadas na região frontal e uma foi observada na região bucinadora. O cisto triquilemal é um dos nódulos que surgem na cabeça e pescoço, raramente acometendo crianças.
Suporte financeiroNenhum.
Contribuição dos autoresMai Endo: Concepção do estudo; redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão e aprovação da versão final do manuscrito.
Toshiyuki Yamamoto: Concepção do estudo; redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão e aprovação da versão final do manuscrito.
Conflito de interessesNenhum.