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Vol. 99. Issue 4.
Pages 618-621 (1 July 2024)
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Cartas ‐ Caso clínico
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Lupus miliaris disseminatus faciei com envolvimento extrafacial em menina japonesa de 6 anos
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Misaki Kusano
Corresponding author
k963@fmu.ac.jp

Autor para correspondência.
, Maki Takada, Natsuko Matsumura, Toshiyuki Yamamoto
Departamento de Dermatologia, Fukushima Medical University, Fukushima, Japão
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Tabela 1. Casos de envolvimento vulvar no lupus miliaris disseminatus faciei em crianças e dermatite periorificial granulomatosa infantil
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Prezado Editor,

Lupus miliaris disseminatus faciei (LMDF), ou acne agminata, ocorre predominantemente entre os 20 e 30 anos e raramente é observado em crianças. Os autores relatam um caso pediátrico de LMDF afetando a face e os grandes lábios.

Uma paciente feminina japonesa de 6 anos foi encaminhada ao Departamento de Dermatologia com história de cinco meses de erupções papulares pruriginosas na face. A paciente havia sido tratada com antialérgicos orais e corticosteroides tópicos, sem melhora. O exame físico revelou vários papulonódulos avermelhados em forma de cúpula de 1 a 2mm ao redor da boca e das pálpebras inferiores (fig. 1 A‐B). Além disso, pápulas avermelhadas também foram vistas nos grandes lábios (fig. 2). Foi realizada biopsia de pele das erupções papulares região da mandíbula direita. O exame histopatológico revelou granulomas de células epitelioides na derme sem necrose caseosa (fig. 3A). Em grande aumento observou‐se que os granulomas dérmicos continham células epitelioides e células gigantes multinucleadas (fig. 3B), e eram circundados por infiltrado inflamatório linfo‐histiocítico, que também envolvia os folículos pilosos. Observou‐se ainda imunomarcação com os antígenos CD68 e CD163 (fig. 3C e D). O teste tuberculínico resultou negativo. O tratamento com administração oral de claritromicina mostrou efeitos favoráveis nas lesões vulvares após cinco meses e nas lesões faciais após nove meses.

Figura 1.

Numerosas pequenas pápulas eritematosas localizadas nas pálpebras inferiores (A) e ao redor da boca (B).

(0.19MB).
Figura 2.

Pápulas avermelhadas nos grandes lábios.

(0.22MB).
Figura 3.

(A) Características histopatológicas mostrando granulomas de células epitelioides na derme. (B) Em grande aumento obervam‐se granulomas dérmicos compostos por células epiteloides e células gigantes multinucleadas. Análise imuno‐histoquímica revelou positividade para CD68 (C) e CD163 (D).

(1.1MB).

O presente caso desenvolveu múltiplas lesões papulonodulares infraorbitais e periorais, que são os locais frequentemente afetados no LMDF. Além disso, foi observado envolvimento vulvar. A paciente não apresentava sintomas sistêmicos sugestivos de sarcoidose de início juvenil. Rosácea granulomatosa foi excluída porque não foi observado eritema facial nem telangiectasia e a paciente negou rubor.

As características clínicas e histopatológicas do LMDF pediátrico são ligeiramente diferentes das características do LMDF no adulto, como pápulas concentradas ao redor da boca, no sulco nasolabial e nas pálpebras inferiores, tamanho pequeno da pápula, poucas pústulas e cicatrizes, vermelhidão ao redor da boca, pouca necrose caseosa nos granulomas epitelioides e curso clínico curto.1 Por outro lado, a dermatite periorificial granulomatosa infantil (DPGI) foi relatada como doença na qual erupções papulares marrom‐amareladas limitadas às regiões perioral, perinasal e periocular mostram histopatologicamente granulomas de células epitelioides ao redor dos folículos pilosos.2 As características do LMDF na infância são muito semelhantes às da DPGI; a diferenciação dessas doenças é desafiadora e podem representar o mesmo processo.1

Existem vários casos de LMDF com envolvimento extrafacial em locais como pescoço, região axilar, região inguinal e extremidades. As regiões genitais também são afetadas e, que seja de conhecimento dos autores, há apenas quatro casos relatados desse envolvimento no LMDF pediátrico (um caso) e DPGI (três casos) – tabela 1.3,4 A idade de início foi de 6 a 9 anos, e todos os casos ocorreram no gênero feminino. Essas pacientes foram tratadas com sucesso com minociclina oral, anti‐inflamatório não esteroide tópico, eritromicina oral e tópica, metronidazol tópico, tacrolimus tópico e metronidazol tópico.4,5 A resposta ao tratamento é melhor no LMDF pediátrico do que em adultos. Nos casos LMDF pediátrico, as áreas genitais devem ser examinadas detalhadamente.

Tabela 1.

Casos de envolvimento vulvar no lupus miliaris disseminatus faciei em crianças e dermatite periorificial granulomatosa infantil

Autor e ano de publicação  Doença  Idade em anos  Gênero  Localização  Tratamento  Duração do tratamento 
Wataeda et al. (1990)  LMDF infantil  Feminino  Face, grandes lábios  Minociclina oral, medicamento anti‐inflamatório não esteroide tópico  3,5 meses 
Andry et al. (1995)  DPGI  Desconhecida  Feminino  Face, perivulvar  Desconhecido  Desconhecido 
Amy et al. (2002)  DPGI  Feminino  Face, grandes lábios  Eritromicina oral e tópica  2 meses 
Amy et al. (2002)  DPGI  Feminino  Face, braços, abdome, grandes lábios  Eritromicina oral, metronidazol tópico  Desconhecido 

LMDF, lupus miliaris disseminatus faciei; DPGI, dermatite periorificial granulomatosa infantil.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Misaki Kusano: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; concepção e planejamento do estudo; manejo de casos estudados; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito.

Maki Takada: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito.

Natsuko Matsumura: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito.

Toshiyuki Yamamoto: Aprovação da versão final do manuscrito; revisão crítica da literatura; obtenção, análise e interpretação dos dados; concepção e planejamento do estudo; revisão crítica do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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N. Misago, J. Nakafusa, Y. Narisawa.
Childhood granulomatous periorificial dermatitis: lupus miliaris disseminatus faciei in children?.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 19 (2005), pp. 470-473
[2]
A. Fakih, R. Makhoul, I. Grozdev.
Childhood granulomatous periorificial dermatitis: case report and review of the literature.
Dermatol Online J., 26 (2020),
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P. Andry, C. Bodemer, D. Teillac-Hamel, S. Fraitag, Y. DeProst.
Granulomatous perioral dermatitis in childhood: eight cases [abstract].
Pediatr Dermatol., 12 (1995), pp. 76
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A.J. Urbatsch, I. Frieden, M.L. Williams, B.E. Elewski, A.J. Mancini, A.S. Paller.
Extrafacial and generalized granulomatous periorificial dermatitis.
Arch Dermatol., 138 (2002), pp. 1354-1358
[5]
M. Hatanaka, T. Kanekura.
Case of childhood granulomatous periorificial dermatitis.
J Dermatol., 45 (2018), pp. e256-e257

Como citar este artigo: Kusano M, Takada M, Matsumura N, Yamamoto T. Lupus miliaris disseminatus faciei with extra‐facial involvement in a 6‐year‐old Japanese girl. An Bras Dermatol. 2024;99:624–7.

Trabalho realizado na Fukushima Medical University, Fukushima, Japão.

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